Fica Sidarta Ribeiro!

Fica Sidarta Ribeiro!

Por volta de 2004 ou 2005, eu e meus amigos, semi-calouros da Biologia USP ribeirão preto, estávamos super entusiasmados com a possibilidade de estudarmos a mente.

Então, desde aí, descobrimos a ciência como única forma de responder a essa questão e havia todo um universo de possibilidades - materiais inclusive, de ser um cientista.

Junto disso, descobri Freud e a psicanálise, enquanto ainda fazia experimentos com animais de laboratório e todos meus amigos se envolviam crescentemente na neurociência. E nesse momento apareceu Sidarta Ribeiro em nossas vidas.

Era um jovem, brilhante em todos os sentidos, tinha voltado dos EUA com um entusiasmo que eu nunca vi. Falava de Freud, de sonhos e de dados duros da fisiologia.

Acho que a primeira vez que encontramos Sidarta, foi em Águas de Lindoia, em 2005 ou 2006, nas reuniões da FESBE (Reunião Anual de Sociedades de Biologia Experimental).

E depois em 2011, fizemos um evento bem legal com ele em Ribeirao Preto.

Nossas mentes ferviam com tudo isso. Com a ideia de um brasileiro ter ido para os EUA e voltado para fundar o Instituto de neurociências de Natal, que iria ser revolucionário em termos da ciência experimental e em termos de sua aplicação social na educação.

Era sensacional! E devo muito a ele (acho que meus amigos também...).

Ontem, no programa Roda Viva (06/01/2019), vi um Sidarta maduro, duro, meio empoeirado, de sorriso mais difícil. Claro, ele envelheceu um pouco. Falou das condições indignas em que trabalha e no perigo de um plano governamental que vai falir o Brasil (e vai mesmo!).

Mas eu pensei em como a vida é dura com a gente. Em como somos nostálgicos. Em como é difícil “manter o moral da tropa”, como disse Sidarta.

Sempre me foi claro que esse trabalho bandeirante de cortar mato para abrir um campo das ciências e de sua divulgação no Brasil não seria fácil. Sidarta sabia também. Mas o que assusta é perceber que a luta está árdua demais. Nessa metáfora, é como se o mato virasse monstros alienígenas. Monstros da terra plana, monstros da irracionalidade, monstros da recusa da ciência...

Sidarta, que tipos de ferramentas utilizaremos nessa luta?

Além de tudo, percebi, triste, que Sidarta não tem muito tempo no Brasil. Talvez precise exilar-se. O que me deixou ainda mais nostálgico... do tempo em que sonhávamos com um Brasil decente. Ainda sonhamos?

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