Funk, ultraviolência e uma surubinha de leve
Falando sobre censura da tal "Só surubinha de leve" do MC Diguinho
Sempre penso que na década de 70 houve um movimento chamado punk. Letras e músicas muito simples, agressivas e chocantes. Mas o punk virou cult.
Que tal esta dos Ramones
"Beat on the brat
Beat on the brat
Beat on the brat with a baseball bat
Oh yeah, oh yeah, uh-oh
What can you do?
What can you do?
With a brat like that always on your back
What can you lose?"
Que tal esta dos Misfits
"I got something to say
I killed your baby today
And it doesn't matter much to me
As long as it's dead
Well I got something to say
I raped you mother today
And it doesn't matter much to me
As long as she spread"
O contexto atual é outro. A sexualidade humana vem sendo debatida frequentemente e surgiu uma espécie de aversão a tudo que é considerado perverso, agressivo e violento, com certa razão.
Mas o Punk trouxe para o mundo assuntos que eram evitados: agressividade, sexo, violência, uma gama grande de pensamentos e sentimentos humanos que estavam longe da sociedade. Talvez Freud tenha apostado nestes assuntos no início do século 20.
Vamos a letra do Funk
"Só surubinha de leve
Com essas filha da puta",
"Taca a bebida
Depois taca a pica
E abandona na rua."
Uma música pode incitar alguém a praticar algum ato? Pode sim. Uma cultura do sexo e ultraviolência (tipo Laranja Mecânica) está formada no Brasil? Está! E há muito tempo. Adoramos massacrar minorias.
Falando em ultraviolência, lembrei de outro cult adorado: o livro/filme Laranja Mecânica.
Muita porrada, estupro, só que em vez do batidão do funk, Beethoven.
Acho o Funk fichinha perto da letras dos Ramones e Misfits citadas acima
Acho fichinha perto destes trechos do filme Laranja Mecânica
É certo que no meio deste importante (superimportante!) movimento de liberação feminina de amarras éticas, morais, profissionais e etc., dá uma vontade danada de ser intolerante a qualquer tipo de ataque que a pureza do debate venha sofrer.
Há de um lado pessoas que aproveitam sua liberdade sexual via Tinder e outros cardápios modernos do sexo e há outros que se deliciam com um baile Funk, cheio de "novinhas" loucas para exercer sua liberdade sexual conquistada a duras penas. Há aqueles que preferem ver uma cena de estupro ao som de Beethovem, e aqueles que preferem um batidão.
O que precisamos pensar é se o debate está contaminado ou não por questões muito pessoais como inclinação a esta ou aquela expressão estética.
Se é cult pode, se não, não pode!
Fica aberta a questão se a arte pode incitar diretamente um ato, ou um crime?
Fica aberta a questão se a proibição tem algum efeito que não o de impulsionar ainda mais a influência da obra artística na sociedade.
Repúdio a obra sim! E me junto ao grupo de pessoas que a repudia.
Mas censura não!