O dedo que clica é o mesmo que vota

O dedo que clica é o mesmo que vota

Desde o ano passado, pudemos observar a importâncias das redes sociais na facilitação do processo de manifestação. 

Somos seres insatisfeitos e mestres na arte de manifestar. Aliás, já nascemos manifestando nosso desamparo, fome, frio em alto e bom som... e nossos pais, ainda bem, entendem direitinho.

A cidade de Sta. Rita vem passando por um processo político delicado. Um prefeito cassado, uma câmara de vereadores justiceira e a população pronta para comprar alguma ideia fácil. Foi o caso dos 20 centavos que foram o mote das manifestações de 2014. A causa era justa, é justíssima, mas o interessante vem depois. Junto dessa única causa, vão se juntando outras causas, outras insatisfações. No final, há um grande número de pessoas gritando nas ruas e um sentimento indefinido toma conta: Afinal, estou aqui para quê?

As ideias tem um alto poder contaminador.

Falando disso, mais recentemente tivemos os “rolêzinhos”, organizados pelo Fecebook , que lotavam os shoppings centers com pessoas “diferenciadas”. Politizadas ou não, feias ou não, estas pessoas estavam lá, gritando por alguma coisa. Não penso que elas estavam se rebelando ou exigindo mudanças políticas. Elas estavam lá por pura diversão.. o que por sí só já é algo ofensivo: Onde já se viu “gente diferenciada” (ou melhor, com cara de empregada doméstica) usando tênis de marca, comendo no shopping e rindo alto?

Gente diferenciada é aquele grupo de pessoas que você prefere que morra. É aquele grupo de pessoas que você gostaria que só lavasse seu banheiro... Ok, madame?

Mas sinto informar.. elas também têm Facebook.

Enfim,  rolêzinho ou manifestações públicas de hoje em dia, são frutos inevitáveis das redes sociais e de todas as facilidades da comunicação rápida e relativamente barata. Um ponto interessante: essas mobilizações tem duas fases. A primeira fase acontece quando o usuário da rede social, no conforto de seu lar ou pelo celular, clica no botão “participar” e assim integra uma lista de participantes do tal evento. Em um segundo momento, em data e hora marcada, as pessoas vão as ruas ou ao shopping, dão as caras, como se diz. Em todos os casos o número de participantes do evento é bem maior que o número de pessoas que efetivamente participam fisicamente, a exemplo, um evento com 100 participantes na realidade consegue congregar em torno de 20, 30 pessoas.

Pode se pensar que isso significa que as pessoas são comodistas, que têm medo de mostrar a cara, que são conformistas e por aí vai. Mas pensando em uma movimentação política, como a que ocorre na cidade de Sta. Rita, que pôde reunir em torno de 1300 pessoas (em uma cidade de 27 mil habitantes isso da em torno de 5%) é algo importante. Essas 1300 pessoas de fato não foram às ruas, mas simpatizaram de algum forma com a causa. E como sabemos, o mesmo dedo que clica no botão “participar” no Facebook é o mesmo que clica no botão “confirmar” da urna eletrônica.       

 

 

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