A piada da privacidade na era digital

A piada da privacidade na era digital

Privacidade é coisa delicada hoje em dia. Todo mundo tem em mãos smatphones com câmeras ligados na internet. Em um instante você pode ser fotografado em um bar ou restaurante e “cair na rede”. O Facebook é um dispositivo para comunicação, geolocalização e, principalmente, de registro de dados muito valiosos como seus desejos, suas atividades... e demais coisas da sua mente.

Grande problemas das empresas é saber o que o consumidor pensa e o que ele deseja para que algum produto novo seja criado e desejado como se fosse essencial. Com o Facebook e Google isso ficou muito fácil pois essas empresas lucram exatamente com a venda e troca dessas valiosas informações: o que você faz; o que você gosta; como se relaciona com as pessoas; que pessoas são essas, para onde vai; etc.  Ou seja, você é o produto. Sua vida está a venda e você (finge) que não sabe.

Então, vem o programa Fantástico e copia um programa francês que colocou um vidente com poderes paranormais frente a certas pessoas que passavam desavisadas.  O tal vidente estava na verdade conectado com a internet de onde retirava vários dados das pessoas, que emocionadas, não acreditavam no que estavam ouvindo, tamanho os detalhes precisos de suas vidas. Eram detalhes impressionantes da vida que estavam sendo “adivinhados”... que na verdade estão sendo divulgados pelas próprias pessoas.  Depois do programa Fantástico desse domingo, o Facebook vira palco de mensagens de pessoas preocupadas com a tal privacidade, dando instruções completamente erradas para garantir sua privacidade na rede. Saiba de uma coisa: privacidade no Facebook não existe. Facebook e Google são empresas que vendem e trocam informações de alto valor comercial e você, meu caro amigo, é o produto de venda. Se não querem que certas informações circulem pela internet, segura esse dedo aí e não poste nada!! 

Agora me pergunto: as pessoas de fato desejam privacidade?  Que graça tem você ir à Paris sem postar uma foto sua ao lado da Torre Eiffel? Que graça tem voce ter um filho sem postar no facebook?

A tecnologia facilitou muito as coisas, mas desapareceu com certas coisas boas. Certa vez fui à um congresso com amigos e colegas e, durante a viagem, escutamos exaustivamente apenas um CD com aproximadamente 13 musicas. O resultado disso foi que todos os momentos dessa viagem foram marcados por uma espécie de trilha sonora. Quando escuto alguma música daquele CD, realmente me emociono e tenho lembranças sensacionais. Depois de um ano, já com um iPod com mais de 3000 músicas, fizemos uma viagem semelhante mas não ficou nenhuma trilha sonora de minhas memórias. O iPod acabou com uma relação toda especial entre memória e música na minha vida. Com fotos acontece a mesma coisa. Em vez de você reunir os amigos para ver o álbum de fotos em sua casa, você posta no facebook ou manda por e-mail para que cada um veja sozinho. Claro que pode ser diferente! Mas a tecnologia facilitou a vida de modo que perdemos algo importante.

Ficou fácil demais, banal demais. E nessa roda de banalidades lá se vai a nossa Vida, que se minimiza e perde a importância frente ao excesso de fotos, postagens e curtidas. Não curta pois a vida é curta!

 

 

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