Psicossomática(1): considerações iniciais

Psicossomática(1): considerações iniciais

A palavra “Psicossomática” pode parecer estranha para as pessoas que não estudam medicina ou psicologia. E lhes garanto que fica mais estranha ainda quando nos aprofundamos no assunto. O termo “psicossomática” foi registrado pela primeira vez no trabalho Störungen des Seelenlebens (Distúrbios da vida mental) de Johann Christian August Heinroth (1773–1843), médico nascido em Leipzig, Alemanha. A palavra volta a ser utilizada um século mais tarde por Félix Deutch (1894-1964), discípulo de Freud e o primeiro psicanalista que tentou considerar um tratamento psicanalítico para desordens somáticas. Embora a psicanálise tenha inaugurado um campo novo de práticas clínicas e conceitos teóricos que possibilitaram um tratamento diferente dos pacientes; a relação pessoal de Sigmund Freud com a psicossomática não parece muito bem definida.

Bom, esse estranho termo nos sugere uma junção das palavras “mente” e “corpo”. Como estou de bom humor, o único ser “não psicossomático” que “existe” são os zumbis: que perambulam pelas cidades em busca compulsiva por cérebros alheios. Ironias a parte: O termo sugere que processos mentais influenciam processos somáticos, fisiológicos, e vice versa.

É fácil sentirmos, em nossas vidas que um certo desconforto na barriga (estômago e intestino) ou no peito (laringe, faringe e esôfago)  possa surgir no momento em que estamos atacados de fúria. Fácil também perceber que quando nos sentimos com bastante medo, nosso corpo inteiro treme, nosso coração dispara, nos incitando a correr ou lutar (respostas de luta ou fuga). Mas agora pense comigo: Se emoções fortes ocasionam processos fisiológicos evidentes, o que dizer de emoções não tão evidentes assim? A medicina psicossomática pressupõe que (1) Fatores psicossociais podem influenciar o desenvolvimento e evolução de certas doenças por meio de mecanismos biologicamente plausíveis. (2) Existem intervenções eficazes (por exemplo, as psicoterapias) para estes problemas psicossociais e (3) essas intervenções também podem melhorar resultados médicos.

“Psicossocial” é outro termo estranho. Porque não há psiquismo humano sem que haja relação... Sem que haja convívio social. Enfim, fatores psicossociais, então, são aqueles que possuem aspectos psíquicos e sociais interagindo mutuamente. Impossível você parar de fumar crack ou cigarros se não optar por mudar completamente seu estilo de vida e até mesmo os locais que frequenta, as pessoas com quem tem contato e etc.

O seriado House (Universal Channel), em que um médico genial e turrão desvenda os mais bizarros casos médicos, me faz pensar que a  medicina psicossomática não existe mais. O que há na verdade são doenças das quais ainda sabemos muito pouco. Por outro lado, é fácil irmos ao médico e ele lhe dizer: - “Vá para casa. Descanse. Você tem estresse”.

No próximo artigo vou retomar o assunto. Pretendo falar sobre os primórdios e a história da psicossomática, relatar alguns casos da literatura médica e tentaremos chegar a psicossomática do câncer. Ate lá!

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