Psicossomática(3): raízes psíquicas das doenças

Psicossomática(3): raízes psíquicas das doenças

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Os fundamentos da psicossomática como disciplina apoiam se sobre a teoria e prática psicanalítica de alguns contemporâneos de Freud como, Georg Walther Groddeck (1866–1934), o criador do termo “ID”, e Sándor Ferenczi (1873-1933), criador do termo “neurose de órgão”, depois retomado por Franz Alexander (Volich, 2000). No entanto, o movimento psicossomático consolidou-se em meados do século XX, sobretudo a partir da década de 30 em que psicanalistas europeus migraram para os EUA, sob ameaça da expansão do nazismo (Volich, 2000). 

A consolidação de um corpo de conhecimento psicossomático se deu por meio de contribuições pioneiras de Franz Alexander (1891-1964) e Flanders Dunbar (1902-1959) da chamada escola de Escola de Chicago, no final da década de 30.

Ao longo dos anos 50, Pierre Marty (1918-1993) e Michel de M’Uzan em Paris, França, descrevem o pensamento operatório e, na década de 70, fundam o Instituto de Psicossomática de Paris (Horn, 2009). Marty e colaboradores constataram que a somatização (expressão do sintoma psicossomático) se organiza fundamentalmente quando existem falhas significativas nos processos de simbolização e “mentalização” e estas falhas fazem com que não seja possível a vivência ou expressão do conflito psíquico a um nível consciente. Consideram que excitações (internas ou externas) podem causar uma quebra na homeostase, levando o organismo a um estado de tensão. O aumento súbito da tensão encontra 3 vias de expressão: O pensamento, a ação/comportamento e a via somática. Essas 3 vias estão disponíveis ao sujeito, mas quando, por motivos variados, a via mental (pensamento) e a via da ação (comportamento-sensório motor) são ineficazes para lidar com a tensão (resultante de qualquer mudança na homeostase), a via somática é requerida. (Almeida, 2004; Historique de Institut de Psychosomatique de Paris, 2010)

Ao mesmo tempo, em Boston, EUA, Peter Emmanuel Sifneos (1920-2008) e John C. Namiah descrevem, respectivamente, a alexitimia e anorexia nervosa, para dar conta de uma psicopatologia negativa, caracterizada pela ausência aparente de “vida fantasmática” e simbólica, freqüentemente associada às desordens somáticas (Volich, 2000).

A medicina psicossomática produziu grande parte do conhecimento inicial sobre as possíveis relações do câncer com fatores psicológicos diversos (Blumberg et al.,1954), estresse (Stephenson et al., 1954), imagem corporal (Fisher et al., 1956) e dinâmica familiar em crianças (Greene et al.,1958). No entanto, estes estudos apesar de pioneiros e abrirem um campo fecundo de investigação, não atraíram o interesse de oncologistas da época. Os estudos em psicossomática do câncer não eram feitos em colaboração com médicos e cirurgiões, que tinham pouco ou nenhum interesse em abordagens especulativas da etiologia psíquica do câncer; o que ocasionou um atraso no desenvolvimento de um novo campo de conhecimento que integrasse abordagens médicas e psicológicas no tratamento e prevenção do câncer. (Holland, 2002). Semana que vem abordaremos esse ponto. Até la!

OBS: Para obter referências bibliográficas completas entre em contato.

 

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