Quanto custa fazer terapia?
Primeiramente, não vou falar nesse texto uma média de preços praticados por mim e meus colegas. E também não vou trocar as palavras “preço” por “investimento”, na ideia boba de provar para você que uma psicoterapia seria um investimento na sua vida. Talvez você faça psicoterapia e ache péssimo. Talvez você prefira malhar na academia. Talvez prefira continuar com os mesmos problemas que têm desde seus 12 anos de idade. Quero ser franco com você e deixar bem claro que entrar em um processo de análise é uma coisa só sua, singular e, na grande maioria das vezes, gratificante.
As psicoterapias, sobretudo a psicanálise tem fama de ser um tipo de tratamento caro financeiramente. Geralmente as sessões acontecem mais de uma vez por semana, exigem um grande esforço tanto do paciente quanto do terapeuta e, como acontece com medicamentos, não é 100% eficiente.
Os tempos mudaram desde que Sigmund Freud desenvolveu o método psicanalítico. Provavelmente, você imagine a profissão de psicólogo clínico conversando com pacientes. Esta imagem quem primeiro construiu historicamente foi Freud, o primeiro a tentar “curar” e sondar a mente de pacientes por meio da fala, em tempos em que se mapeava o cérebro em busca de regiões possivelmente “patogênicas”; e iniciava-se a grande aventura em busca da célula nervosa. O eletro-choque que figurava no horizonte dos tratamentos psiquiátricos. Os remédios mudaram, os tratamentos mudaram, a terapia pela fala (“talking cure”) mudou também. Muitas psicoterapias vieram nesses cento e poucos anos.
Um psicanalista freudiano clássico e irremediável, vai propor que você se deite no divã, faça 4 sessões de 50 minutos semanais e seguirá estritamente as técnicas psicanalíticas básicas que, se lermos os relatos clínicos históricos da psicanálise, nem Freud ousou seguir estritamente. E o preço? Digo a vocês: um preço alto se considerarmos a realidade brasileira.
No entanto existem psicoterapeutas que são mais flexíveis, em relação à técnica, preço, o número de sessões semanais. Ou seja, dá para negociar e chegar num gasto mensal plenamente possível, que chegaria mais ou menos no valor que você paga por uma academia de ginástica todo mês.
Você me diz: “Mas a ginástica eu faço toda semana porque meu corpo precisa de exercícios físicos, meu coração precisa de exercícios aeróbicos, meus músculos precisam de movimento e força!” Eu concordo plenamente com esta observação. Mas, podemos ver a terapia semanal como uma forma de exercitar a mente, movimentar as memórias, fortalecer as habilidades sociais e tentar resolver problemas chatos do tipo, mania de limpeza, brigas constantes com seus amigos ou namorado(a) e essa coisas que você está cansado de experimentar e, para isso, você precisa desejar enfrentar as altas e espessas muralhas de dentro de você.
Há atualmente diversas Clínicas Sociais, que proporcionam um atendimento psicoterápico de qualidade, só que em preços reduzidos. A Clínica Social é uma forma de atender parte da população que é atingida mais freqüentemente e de uma maneira brutal pelas “dores psíquicas”. Ótimo isso não? A ideia de clínica social foi elaborada pelo psicanalista e escritor mineiro Hélio Pellegrino em 1973.
Quando dói nosso dedo ou qualquer outra parte do corpo, vamos ao médico e dizemos: “Doutor, dói aqui!” e o problema quase sempre é resolvido. Mas e quando a dor está dentro de nós, nos faz sofrer imensamente e não sabemos nem ao menos onde dói?