Tesão na medicina
Não sou petista, pêessedebista e nada do tipo. Não sou pago pelo governo para falar bem disso ou daquilo e não pretendo ser vereador ou governador. Mas mesmo assim, tenho algo a falar espero criar aqui um espaço para reflexão.
CENA LAMENTÁVEL
Inicia–se então uma cena horrorosa: médicos vaiam e chamam médicos cubanos de escravos em Fortaleza - CE. Interessante que neste momento a Revista Veja, que até então cobria calorosamente o assunto, cala-se. Pelo menos na internet. Tiveram o mínimo de juízo.
Numa reportagem publicada na edição número 1.620, de 20 de outubro de 1999, governo FHC, a revista Veja elogiou a vinda de médicos cubanos ao Brasil. “O milagre veio de Cuba”, chega a colocar o texto, depois de descrever a precária situação do único hospital do município de Arraias, em Tocantins.
Muito se falou em xenofobia, concordo. Muito se falou em racismo, mas aí já acho demais. O fato é que meia dúzia de médicos imbecis resolveram colocar pra fora algumas frustrações e se deram mal. Tanto e CRM como o CRF repudiaram o ato. Obviamente.
Nas redes sociais pipocaram menções de repúdio ao ato, mas muitos médicos se mostravam contra e até mesmo agredidos com a chegada dos concorrentes. O clímax foi a declaração da jornalista Micheline Borges que escreveu a seguinte frase: “Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas têm uma cara de empregada doméstica. Médico, geralmente, tem postura e se impõe a partir da aparência". Nem vou perder tempo com isso, mas mostro para vocês terem uma noção do que se trata. Trata-se de uma guerra de egos
No fritar dos ovos, durante essa semana vi colegas médicos bastante bravos com essa história e o restante das pessoas bastante satisfeitas. Eu, como um reles mortal, sujeito às misérias do corpo e das doenças, fiquei satisfeito, mesmo que eu não tenha a oportunidade de conhecer nenhum médico cubano.
POR QUÊ MÉDICOS ESTRANGEIROS?
Porquê é assim que acontece no mundo, na medicina e em outras profissões.
Atrair profissionais de outros países é algo importante. Vejamos, no caso da pesquisa e produção científica, os EUA são os maiores “importadores de cérebros” e, por consequência, os maiores produtores de patentes e publicações. Acredito que nenhuma ciência, nenhuma profissão sobrevive sozinha e fechada sobre si mesma.
Os primeiros profissionais da saúde cubanos a pisar em solo brasileiro para trabalhar no programa Mais Médicos têm entre 41 e 50 anos, pós-graduação concluída, e experiência em zonas de conflito ou de países com baixo IDH na América Latina, África e Ásia
O programa Mais Médicos, está dentro de uma parceria estabelecida pelo Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (ligado a Organização das Nações Unidas) e o Brasil, mais uma vez, participa da lanterninha quando se trata de médicos estrangeiros
Porcentagem de médicos estrangeiros (Presidente Dilma, Band News FM, 29/08/2013)
25% EUA | 37% Inglaterra | 22% Austrália | 17% Canada | 1,7% Brasil
Ok?
MINHA EXPERIÊNCIA
Estas notícias me remetem invariavelmente à minha época de faculdade. Os estudantes da medicina sempre foram os mais isolados, os que mais eram invejados, os que mais eram agredidos e os que mais eram arrogantes. O ego dos estudantes de medicina pareciam de fato inflados pelo status de seu curso e de seu diploma. Conheci, é verdade, poucos estudantes de medicina. De fato, poucos valiam a companhia. Essa experiência eu compartilho com vário outros colegas de várias outras faculdades. “Estudante de medicina geralmente é um pé no saco”, disse um dia um amigo médico.
Vivo numa cidade grande, um polo de saúde que tem várias faculdades de medicina e um grande número de médicos trabalhando. Meus amigos e conhecidos, todos utilizam algum plano de saúde e TODOS reclamaram pelo menos uma vez da má vontade, incompetência ou desleixo dos médicos.
O Google muitas vezes ajuda mais que uma consulta médica e já presenciei prescrições medicamentosas abusivas e totalmente equivocadas diversas vezes (sou psicanalista, com estudos em psicofarmacologia, mas acho que um médico deve saber bem mais que eu... deveria pelo menos).
Bom, essa é a situação em meu meio; classe média alta que paga um bom valor para obter um serviço de saúde.
Será que há falta de condições para o atendimento nesse caso?
O que explica a quantidade enorme de relatos que eu possuo em torno da má qualidade dos médicos e de seus serviços na minha cidade, a "Califórnia Brasileira", "o polo da saúde"?
Em suma, percebo que muitas médicos fazem corpo mole mesmo. E como se diz por aí: quem não dá assistência, abre a concorrência.
Não estou falando de medidas políticas. Não está em questão se sou a favor ou contra este ou aquele programa de governo ou partido político.
Estou falando de TESÃO! E isso não se ensina na faculdade, saibam.
Que venham médicos Brasileiros, Cubanos, Argentinos ou Marcianos com TESÃO na medicina!
Uma boa ideia seria importar políticos estrangeiros, mas fica para a próxima....