Uma carta de Freud para a mãe de um homossexual

Uma carta de Freud para a mãe de um homossexual

Esta carta foi encaminhada anonimamente pela mãe em 1949 para Alfred Charles Kinsey e, posteriormente, em 1951 foi publicada (Historical Notes: A Letter from Freud in: The American Journal of Psychiatry, April, 1951, 107, No. 10, pp. 786-787).

Segue a carta de Freud para uma mãe preocupada com seu filho.


9 de abril de 1935

Professor Dr. Freud

Cara Senhora,

Eu posso deduzir a partir de sua carta que seu filho é homossexual. Me impressiona muito o fato de que você mesma não mencione esse termo em seu relato sobre ele. Poderia perguntar por que o evita? A homossexualidade seguramente não é uma vantagem, mas não é nada de que se deva ter vergonha, nenhum vício, nenhuma degradação, não pode ser classificada como uma doença; nós a consideramos como uma variação da função sexual produzida por uma certa interrupção do desenvolvimento sexual. Muitos indivíduos altamente respeitáveis da antiguidade e dos tempos modernos foram homossexuais, alguns dos maiores homens entre eles (Platão. Michelangelo, Leonardo da Vinci, etc.). É uma grande injustiça perseguir a homossexualidade como um crime e uma crueldade também. Se você não acredita em mim, leia os livros de Havelock Ellis.

Ao me perguntar se eu posso ajudar, você quer saber, eu suponho, se eu posso abolir a homossexualidade e fazer com que a heterossexualidade normal tome seu lugar. A resposta é, de um modo geral, que não podemos prometer alcançar isso. Em um certo número de casos somos bem sucedidos em desenvolver os embriões frustrados de tendências heterossexuais, que estão presentes em todo homossexual; na maior parte dos casos não é mais possível. É uma questão de qualidade e idade do individuo. O resultado do tratamento não pode ser previsto.

O que a análise pode fazer por seu filho está em outro caminho. Se ele está infeliz, neurótico, dilacerado por conflitos, inibido em sua vida social, a análise pode trazer a ele harmonia, paz de espírito, plena eficiência, permaneça ele um homossexual ou não. Se você decidir que ele deva se analisar comigo – o que não espero que você faça – ele deve vir a Viena. Eu não tenho intenção de sair daqui. Contudo, não me negligencie sua resposta.

Sinceramente, com os melhores votos,

Freud.

P.S. Eu não encontrei dificuldade em compreender sua caligrafia. Espero que você não ache minha letra e meu inglês uma tarefa mais difícil.

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Historical Notes: A Letter from Freud in: The American Journal of Psychiatry, April, 1951, 107, No. 10, pp. 786-787

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