Violência nos games e as receitas prontas para ser um “expert”

Violência nos games e as receitas prontas para ser um “expert”

Editoria de Arte/Folhapress	Acabei de ver uma entrevista pela EPTV. A Profa. Dra. Bianca Cristina Correa do Departamento de Educação, Informação e Comunicação da USP-RP  saiu-se muito bem. Informou que não há relação direta entre violência dos games e a prática de violência das crianças que jogam. Em pouco tempo - e bastante pressionada pela repórter em dar dicas infalíveis de como educar - a professora foi muito esclarecedora e profissional.

Um dos pontos marcantes dessa preocupação da sociedade em tentar esclarecer o comportamento violento dos seres humanos é a ingenuidade e a crença de que há uma remédio ou de que há um método para curar os humanos de certos comportamentos destrutivos.  A repórter insistia para que a professora desse dicas objetivas para que os pais (espectadores ávidos pela tutela da ciência) tivessem sucesso na criação dos seus filhos.  A professora respondeu bem: os pais precisam garantir que as crianças brinquem com outras e apontou também que elas sabem que os games são apenas... games e que a realidade é bem diferente e alfinetou que muitos pais utilizam esses recursos eletrônicos (TV, games, etc.) como babás eletrônicas. Corretíssimo! 

Afinal, seu filho adolescente já sabe distinguir fantasia de realidade? Já sabe o que está fazendo? Sabe das consequências de seus atos? Obviamente que não. Nem os adultos sabem exatamente como fazer isso. Diariamente confundimos fantasia com realidade, fazemos besteiras e temos comportamento violento frente a muitas situações. De uma hora para outra os pais querem “melhorar seus filhos” e torná-los experts em lidar com coisas que mesmo adultos não são aptos. Nesse sentido, surgem psicopatologias nesses adolescentes que são pressionados para serem “campeões”, pessoas infalivelmente boas que nunca falham frente aos conflitos naturais da vida. Caros amigos leitores, saber lidar com nossa agressividade, distinguir fantasia de realidade e mensurar a consequência de nossos atos são tarefas para a vida toda. Não exija que seu filho seja o que nem você foi capaz de ser em dezenas de anos vividos. 

Nos games a garotada deixa de ser vítima e extravasa um desejo de agressão muito comum, e o melhor, sem se machucar ou sentir dor. Elas sabem que no game isso vale e que na realidade a coisa é diferente (com exceção de crianças psicóticas).

Mais uma vez os adultos minam a infância e a necessidade de brincar com preceitos moralistas baseados em achismos que na verdade refletem uma necessidade de controle sobre a realidade que não funciona. O mundo infantil e adolescente precisa ser protegido sim, mas da influência de adultos amedrontados com seus próprios fantasmas de impotência.       

 

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