A VACA SUBIU NO TELHADO

A VACA SUBIU NO TELHADO

(O Boca do Inferno – direto do fogo)

O titã se chamava Prometeu: “Roubou o fogo sagrado dos deuses e o soprou sobre aquelas criaturas feitas com barro por seu irmão Epimeteu. O homem, então, nasceu da mescla entre o barro e o fogo: o do ódio e o da paixão.

Tempos depois, veio a Igreja Católica preveniu aos tolos, vaidosos e arrogantes: “Tu és pó e ao pó retornaras”. A cada rodada, a águia comia o fígado de cada jogador. O time definhava a olhos vistos. Ninguém prestou atenção. A vitória é cega; é faca amolada.

A vaca subiu no telhado, ninguém sabe como chegou lá, mas todo mundo sabia que ela cairia. O contorcedor botafoguense riu a bandeiras despregadas, afinal o Botafogo destruía a lógica, quebrando recordes, atropelando adversários.

O Dom Quixote, o herói improvável, virou uma locomotiva, que passava por cima de tudo e todos. Desculpem a piada pronta: a vaca caiu do telhado, por um tiquinho assim, caiu verde de vergonha. Esborrachou-se, aí perceberam que ela começara a definhar há muito tempo vergonha. Esborrachou-se, aí perceberam que ela começara a definhar há muito tempo

Se, no primeiro turno do campeonato brasileiro, o fogo da paixão fez com que o time se tornasse uma locomotiva governada, passando por cima de todo o mundo; no segundo turno parecia uma locomotiva desgovernada batendo no punho de quem era pequeno, de quem era médio e de quem era grande. “O mundo é um moinho” cantou o grande Cartola.

No segundo turno, o fogo cego da paixão cedeu fogo ao do ódio. A multidão arrastou a vaga que insistia em não sair do lugar. “Preste atenção, amor, o mundo é um moinho” vaticinou Cartola. A profecia se tornou verdade, o trem descarrilhou. E o contorcedor apanhou que nem cachorro ladrão. Qual é o Botafogo de fato? O de Prometeu, que desperta o ódio e a paixão, ou a vaca que caiu do telhado. Do pó veio, ao pó retornou. Como na lei da física, toda ação provoca uma reação igual e em sentido oposto. Agora vem a morte em vida. A dor do fígado comido dia a dia.

Ouvi um comentarista comentar o seguinte comentário. A melhor coisa que se pode fazer ao Botafogo é sacaneá-lo, assim lhe dão o devido respeito. “Zoar” o botafoguense funciona como um prêmio. Avisa-o de que ele existe. Quem ridicularizará o que derreteu?

John Textor, parece nome de vaqueiro do meio oeste americano, deve entender bem de vacas. Foi fácil pegar uma aqui: desidratada, faminta, agonizando para morrer. Se entendesse de futebol, perceberia que, com um tiquinho sozinho, não se ganha campeonato. Até para a sorte, há limites. Abel que o diga. A sorte persegue quem trabalha bem.

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