A ÁRVORE

A ÁRVORE

(Luiz Cláudio Jubilato)

Dia desses passei pela currutela do "Nem Nada Além". De repente dei de cara aonde num tem um nada mermo, nem lugá pra se arranjá, nem sombra pra se abrigá. Só sol pra esturricá.

A terra tava ressequida que o calor nem rancava água do sangue, pra levá pra cara suar e a camisá impapá. Aquelas gota que as vista de ardê. Ri de mim mermo. Que vim fazê aqui? Vim aonde ninguém vem. não tinha nada além. Só terra, mais, terra, mais terra. Vim vê o tronco. Branco que nem fantasma. Dois galho, igual a dois braço torto. Ou feria o fantasma ou era os fio quele paria.

Em cima dele, por absurdo que seja, tinha umas folha verde. Fiquei abobado. Estaquei o marchadô. A bunda já doía. o saco doía mais. Aquela dorzinha fina, quela dor que sobe divagarzinho, de fininho, depois se espalha até nas venta. Espiei de novo. O verde em cima do branco gelo na terra sem um fio dágua.

Depois um amigo meu me disse que as folha, de verdade, não era vida, era praga. Elas tava lá pra matá. Ruía no oco da árvore que nem cupim. Matava o que tava quase morto: Divagá. Divagá. Chupava a úrtima seiva; o sangue da agonia. O tronco agoniava. A impotência em carne podre, cheia de bicho e mosquito. Tava branca de doente. Umas veia quase cinza de fuguera de São João. Mais, os matadô ia vivê de quê? Só da morte matada? Ou de ilusão da morte morrida? O tronco tavo branco de doente. Cheio de buraco. Como gente dia a dia, passo a passo, comida de lepra. Os pedaço caíno. As formiga devorando. N úrtima sombra. Sem saída. O restolho de árvore vai caí de cansado de zumbizá. Bate de cadáve intero no chão. Agora sei. Vim pra vê acabá o que tava acabado.

Ou o verde morria ou ia se juntá prá criá otro tronco, no meio do nada, pra fazê de caixão no futuro? De onde nasce assassino, esperá o quê? A vida é esse eternizá, essa história de vivê de sobra, chupá até matá. Matá pra morte e a vida de chupim eternizá. Mesmo onde não tem nada. O ciclo sempre há. Escolha bem em quem votá. a Punição tá lá.

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