Como o brasileiro detona o dicionário e a gramática e a matemática

Como o brasileiro detona o dicionário e a gramática e a matemática

(O BOCA DO INFERNO - de dentro do Aurélio e do Caldas Aulete)


Sou previdente, por isso fiz uma aplicação financeira em previdência privada para ter um futuro tranquilo.
Descobri que, na verdade, querendo ser previdente, fui imprevidente, pois joguei minha aplicação (entenda-se meu rico dinheirinho, resultado de anos de trabalho) na privada (entenda-se privada, como o local onde se senta o indivíduo, para fazer suas necessidades fisiológicas). Ao fim e ao cabo, não sobrará um centavo furado, só o cabo. 
Meu futuro não será tranquilo, porque meu presente virou um inferno. Fiquei com o cabo, e sem vaselina.
Só recuperarei minha aplicação, se a previdência se tornar "providência" (diga-se providência divina). 
Minha próxima aplicação será na veia, um calmante sossega leão, se bem que estou mais para "acorda" anta. 
Não caí no conto do vigário, porque o vigário foge de mim: aquele papo de que, quem dá aos pobres, empresta a Deus, não cola comigo.
A exemplo do banco, quero recuperar o empréstimo. E vou cobrar, tomando, como base de cálculo, a taxa SELIC. Bonzinho, quero avisá-lo de que a taxa de juros brasileira é a maior do mundo. 
E não abro mão. Se eu abrir a mão, corro o risco de me ferrar. Na maioria das aplicações, há taxa de carregamento e não quero virar estivador do cais do porto. 
Revivendo aquela velha piada, mas de infinita verdade: "Não posso chamar minha mulher de "meu bem", senão vem o banco e toma". 
Ficarei sem mulher, sem futuro, mas com o banco: o banco da praça 7 (meu número de azar).

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