CRISES DO BRASIL

CRISES DO BRASIL

A pandemia emocional se instalou de vez: pessoas reféns do imediatismo, agorafobia, depressão, medo e ansiedade. Os nervosos à frente de um punho ou de um cano de um revólver.

Pense, caro leitor, sobre o que digo: na escola Ageu Magalhães, na volta às aulas presenciais, houve uma crise de pânico coletiva. Seres humanos não mais reconheciam a convivência com outros seres humanos. "O mundo acabou, só esqueceram avisar a você".

A COVID destruiu as noções de limites, fronteiras, valores, classes sociais... Instalou-se a "liquefação das relações humanas", como advertiu Zygmunt Bauman, maltratado pelo senso comum.

A crise econômica, que esmurrou a boca do estômago da população, somada a sucessivas guerras político-econômicas. Ajudaram a detonar o mínimo de sanidade de uma população já exausta de discursos entupidos de incoerências e erros gramaticais. Diz um velho ditado: "Na casa da Noca, quando falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão". Sem dinheiro, o humor muda, soma-se a isso a inflação, a escassez, a falta de perspectivas. Pronto está aí o estopim para a convulsão social.

É a hora e a vez da burrice coletiva, conhecida como radicalismo Radical é o que crê em verdades absolutas, as suas. São seres quase humanos, de joelhos e mãos postas, pregando a velha cartilha da luta entre direita e esquerda, esbravejam e impõem a sua única e insofismável razão.

O momento pandêmico escancarou um dos maiores absurdos cotidianos: o feminicídio.

Todos os dias, um marido ou namorido afirma que não aceita o término da relação e parte para agressão com requintes de crueldade, quando não apela para a destruição. Compilei uma série de absurdos, como jogar ácido no rosto da ex-mulher, atropelar a ex-namorada, queimar o carro com a "traidora" dentro dele, matar a ex-mulher na frente do namorado só para que o "ladrão" saiba o que é perder alguém e, a pior das violências, matar os filhos na frente da mãe, para que ela sofra e aprenda o que é sofrer. O ato de matar uma mulher mantém vivo o patriarcalismo estrutural em uma sociedade que se desenvolveu tanto quanto um grão de arroz.

Ouvi um indivíduo gritar a plenos pulmões: "Vamos convidar todos os conservadores a participar da manifestação". Essa designação de "conservadores" me mete medo. Conservar o quê? Isso? Que não pretendemos evoluir? Vamos manter o absurdo, por exemplo, de presenciar a troca de dono: primeiro o dono é o pai; depois é o marido? Vamos conservar esse tipo de escravidão moderna? Case-se, coloque o sobrenome do marido e se torne propriedade dele.

Ah! Nunca, como agora, a polícia e os seres nada humanos mataram tanto. "Sem pena e sem dó". Chacinas e mais chacinas, a maioria contra pretos, habitantes das periferias. Isso sempre ocorreu, você poderia dizer, discordante leitor, e explicou: nunca com a velocidade dos nossos dias.

Para encerrar: Não precisamos de uma ditadura e nem de uma democratura para presenciarmos a tortura, já será uma tortura votar nas próximas eleições. Por um instante, deixe de lado a troca de ofensas entre presidenciáveis e preste atenção ao senado e à câmara dos deputados: nunca o nosso congresso foi tão corrupto, ignorante e afoito para ocupar cargos.

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