
Esse texto foi escrito para quem não passou no vestibular
Sensação indescritível.
Depois do desespero que sai pelos poros, provoca frio na barriga, secura na boca, coração disparado, medo, tremor, o mundo parece preso único segundo na ponta do dedo.
Quanto mais a unha desce, mais raspa a página ou a tela. Aquela pequena lista enorme. A danada cresce à medida que o dedo escorrega. Dedo que arrasta junto aquele suor frio. Fogo, fogaréu.
O nome parece se brincar de pique-esconde. De repente, não mais que de repente, pula nos olhos. Os olhos parecem se enganar. Emerge do desespero a descrença. Um beliscão faz acordar. É hora, então, de pular, berrar, abraçar, chorar, chupar o ar. A felicidade explode: Olha ele aqui!!!!".
Do nada, surge um bando de estilistas bêbados que transformam euforia em calça rasgada, em camisa furada.
Vestibular é um ritual de passagem em que maquiadores enlouquecidos transformam cabelos em caminhos de ratos, caras e bocas, em máscara de palhaço.
É quando todo um jovem acha bonito ser feio, deixar de ser humano para virar BIXO, perde qualquer noção de realidade: abraçar o sonho, tornar-se dono do próprio destino.
E nada mais há a dizer. Palavras não traduzem a felicidade de passar, da sensação tão humana de vencer, a capacidade de fazer o destino acontecer.
Mas, e os que não passaram. Sentem-se o verme preso na pata do cocô do cavalo do bandido. Difícil encarar o mundo com os olhos no horizonte. Parece que até o cachorrinho cobra a Vitória, quando olha. E quando alguém diz: "O filho do fulano passou". Um insensível sussurra: "E passou de primeira". E o vizinho: "Não passou? De novo?" É a morte encarnada. E quando o papai diz: "Papai se sacrifica mais um ano e investe em você. Vou te dar tudo o que você quiser, mas dessa vez tem que passar". Você não é um ser, é um investimento. Investimento tem que render. Daí vem a ansiedade, a depressão, os florais, o psicólogo...
Calma: o mundo é redondo, numa determinada hora você está por baixo, em outra está por cima. Calma: Só peru e chester morrem na véspera. Lembre-se do velho Guimarães Rosa: “Todo mundo tem a sua hora e a sua vez”. E a sua vai chegar.
Crie uma estratégia diferente da do ano anterior. Escolha a faculdade, não deixe que ela o/a escolha. Faça sua decepção se tornar um fator a seu favor. Mesmo que não tenha estudado nada ou teve notas ridículas, de um ano para outro a escola muda, o vestibular muda e, principalmente, você muda. Seja um ser humano e não um mero vestibulando. Se você tem medo, já perdeu. Cursinho é o mal necessário. Mude sua rota se achar necessário ou fique na mesma se se sentir seguro(a). "Quem sabe faz a hora, não espera acontecer". Força e foco.
PARABÉNS
A TODOS AQUELES QUE PASSARAM
ÀQUELES QUE FICARAM PERTO E ESTÃO NAS LISTAS
ÀQUELES QUE TENTARAM, MAS JAMAIS DESISTIRAM
E ÀQUELES QUE NUNCA DESISTIRÃO.