HOJE
(Luke)
Hoje é o dia que é o nada que é tudo.
hoje é o dia de lembrar as batalhas da vida: derrotas, vitórias, histórias.
hoje é não é um dia, como outros, é o de vasculhar a biografia.
hoje não é um dia como outro qualquer, não é o dia do possível.
hoje é o dia da culpa, não cabem desculpas.
hoje é o dia da traição dos ensinamentos compilados das raízes.
hoje é o dia que diferencia os homens dos meninos.
hoje é o dia em que o dicionário da vida perde as palavras cravadas a ferro e fogo.
hoje é um dia em que os erros se sobrepõem aos acertos.
hoje fica mais claro que sua identidade não é o dia com cara de assinatura.
hoje é o dia em que a subsistência se sobrepõe à existência.
hoje é o dia da morte dos conceitos e dos preceitos.
hoje é o dia das lutas vãs.
hoje é o dia das mãos amarradas, é o dia do não há jeito mesmo.
hoje é o dia das lembranças da traição das tradições.
hoje é o dia de se olhar no espelho e se ver ao inverso de si mesmo.
hoje é o dia de entender a medida exata das pessoas, do ferir se ferindo.
hoje é o dia da história da frustração, do não ter conseguido.
hoje é o dia em que os compromissos comprometidos ficam no passado.
hoje é o dia para nunca cair no esquecimento.
hoje é o dia em que se perde se percebe que há pessoas sem identidade.
hoje não é o dia do reconhecimento, do lamento, do tormento.
hoje é o dia sem perdão, do fardo.
hoje é o dia que não se tem nas mãos.
hoje é o dia do não querer querendo.
hoje não é como todos os hojes e nada mais.