Maio, o mês do desmaio

Maio, o mês do desmaio

Escrevi e falei tanto sobre esse tema que pensei em não fazê-lo neste ano, porém, como sou um educador e, para mim, um ponto inegociável da arte de ensinar é repetir, repetir, repetir... então escreverei e falarei de novo, de novo, de novo, tantas vezes quantas forem necessárias, para ver se consigo, em algum momento, fazer entrar na cabeça dos meus alunos.
Cuidado com o mês de maio, ele é um grande divisor de águas, pode ser o maior responsável pela sua vitória ou pela sua derrota. Por quê? Porque, se você resolver "chutar o pau da barraca" agora, arrumando todo tipo de desculpa para não fazer o que tem que fazer, pode começar a pensar no melhor cursinho para o próximo ano. Você está estudando para ele, não para o vestibular. 
Se você acha que o capítulo de hoje de "Malhação" é imperdível, que o capítulo da novela das 9h é imperdível, que "Vale a pena ver de novo" é o que há de mais novo e imperdível, abandona os cursos e aulas de apoio, porque se convenceu, depois de muito "não pensar", que não dá conta, a coisa começou a se complicar. E muito. Se você arruma defeitos em todas as aulas e "Mete o pau" em todos os professores só para justificar o motivo pelos seus constantes atrasos e a "matação" indiscriminada das aulas, a coisa está feia mesmo. Você pode estar a um passo de "chutar" o balde.
Se você vai a todas as festinhas e filmes durante a semana, expressa a sua cara de tédio para o mundo e alega estresse, depressão e ansiedade, para não fazer nada, alguma coisa está errada. Já "chutou o balde".
É um erro acreditar que a sua vaga em uma faculdade se decidirá com uma "aula dica" no final do ano ou com uma promessa de não comer mais chocolate, caso a consiga. Se acredita somente no que os derrotistas e os "milagreiros" de plantão dizem, enlouqueceu. Começou a buscar um "milagre". Aí sim, a sua vaga subiu no telhado. 
A busca pelo mais fácil pode tornar seu objetivo cada vez mais difícil. Vestibular é para os fortes, os que se esforçam, os que acreditam, mas, principalmente, para os que fazem, os que estudam, os que possuem uma estratégia definida.
Na verdade, sua vaga se decidiu muito antes, desde o momento em que sua família escolheu a primeira escola em que você iria estudar. No entanto,  não pensemos nesse ponto agora. Não há tempo. 
Vestibular é competir. Competição exige estratégia. 
Saber a matéria é apenas um dos detalhes. É preciso também se atualizar, fazer exercícios, pensar em qualidade e não em quantidade de horas de estudo.
Uma estratégia de estudo exequível é estudar durante as aulas e não deixar para fazer isso apenas em casa. Dormir bem, comer bem... Sono e descanso também ensinam.
O que o mês de maio tem de tão especial? Resposta fácil: é o mês da rotina. Não há mais novidade alguma, pois o vestibular, a cada dia, ganha traços muito mais definidos. As piadinhas dos professores começaram a perder a graça, os companheiros de sala de aula já se dividiram nas famosas panelinhas e os simulados viraram um pesadelo quase todo final de semana. Afora isso, você se tornou "um saco" para você mesmo.
Só se fala em aula: ou você está em uma aula ou indo para uma aula ou voltando de uma aula ou se preparando para uma aula ou até mesmo sonhando com uma aula. A vida se resume em aulas. Um tédio. Então, procure fazer algum exercício aeróbico, algum relaxamento. Adquira algum robe.
As cobranças familiares arrefeceram, as da escola aumentaram, professores passaram a bater nas mesmas teclas que ninguém "aguenta" mais. A cada discurso em que o professor "cobra" mais estudo e o coordenador desanca os "coçadores", as próprias cobranças começam a ganhar contornos de filme de terror. Pioram, quando você começa a se cobrar, porque faz muito ou não porque não faz nada.
Se você adiar tudo para as férias, esqueça. Ninguém estuda nas férias. Você não estuda nem nos feriados? Matéria acumulada? Todo mundo carrega matéria acumulada. Não é possível saber tudo de tudo. Peça ajuda.
Observe: muitos dos seus concorrentes se matriculam em cursos de apoio em maio ou procuram professores particulares. Por quê? Porque caíram "na real", a rotina fez o efeito contrário, acordou-os, já lhes ensinou a procurar meios de fortalecer as partes em que estão fracos, senão ficarão pelo caminho. 
Os ditos "vagais" agarram-se às desculpas para ficarem livres de cobranças. Os cursinhos, no próximo ano, agradecem. As faculdades ruins já agradecem neste ano mesmo.
Maio é o mês do desmaio, sabe por quê? Porque você não tomou as regras da sua própria vida nas mãos, acreditou que está refém das circunstâncias. E está.

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