NENHUMA ESTRATÉGIA PARA O ENEM

NENHUMA ESTRATÉGIA PARA O ENEM

A grande estratégia para fazer a prova do ENEM

Criar a própria estratégia ou não ter estratégia nenhuma

 

Se o aluno for seguir todas as estratégias que lhe forem aconselhadas nos últimos dias, enlouquecerá. Cada professor, cada cursinho, cada publicação traz uma estratégia diferente. Todo mundo sabe como fazer o “milagre” da multiplicação dos pontos. Depois de ler “um caminhão” delas, cheguei à conclusão de que todas parecem livros de autoajuda. Não conhecemos individualmente cada aluno, suas necessidades, seus desejos, seu preparo físico.  Jogamos todos na vala comum.

Depois de uma aula na minha escola, uma aluna me fez repensar os meus conceitos: ela preferiu a academia a assistir a uma palestra sobre temas atuais. No momento, pensei: como ela pode fazer isso às vésperas do vestibular? Depois percebi que ela tinha total razão. O corpo é dela, ela é que deve decidir sobre o que é mais importante para ela, não para mim. Alguém poderia dizer: “em plena semana do saco cheio, sua escola oferece palestras sobre atualidades”. Sim, oferece, porém não obrigo ninguém a ir.

–“Comece a prova pela matéria que mais sabe” – esse é o conselho comum. Mas, e se a matéria que o aluno mais sabe trouxer as questões mais difíceis? Já imaginaram como o psicológico do “pobre coitado” desabará?

–“Comece a prova pelo início” – outro conselho muito comum. Não é melhor deixá-lo começar por onde quiser? Conheço muita gente que “desce o pau” nos livros de autoajuda, contudo se comporta como autor de um. Nessa época, aluno desesperado segue qualquer um.

–“Comece pela redação” – esse supostamente é o mais lógico. É?! E se, como de praxe, a prova de testes trouxer assuntos que ajudarem o aluno a redigir o texto, quando o “repertório cultural” (cultura geral) for pobre ou ele não souber nada sobre o tema?

Outro conselho: – “Faça o início da redação com essa frase, depois tasque o tema aqui. No segundo parágrafo, escreva essa e tasque essa outra aqui. No terceiro parágrafo, tasque essa conjunção e esse exemplo aqui. Use essa frase como intervenção social. Não há erro. Não mude nada, nada mesmo. Essa é a única fórmula para tirar 1000”. Mas, e se aluno resolver pensar, vai dar um “tilt” na cabeça dele? Vai entrar em parafuso? Coitado!

– “Acorde de manhã, tome um café e depois um comprimidinho de Ritalina (meu amigo tomou e, mentira de todo mundo, não faz mal). Ajuda a turbinar o cérebro. Antes da prova, tome outro. Turbina o cérebro e você vai passar!”. Eh! Talvez da prova para a ambulância e depois da ambulância para o hospital.– “O Conserta não ajuda mais?”. Sem receita médica, o Conserta desconserta mais.

– “Hoje vou dar aula sobre um dos temas que cairá na prova, você não pode perder”. Será? Será que o MEC deu ao professor a prova e não contou para ninguém? 

– “Na aula dica, você vai ganhar uma camiseta, um pirulito e o que vai cair”. “E ainda haverá um show para você descontrair”. Será? Há alunos que saem dali desesperados para estudar algo que o professor jurou que vai cair e ele não sabe. E o cansaço? O aluno se sente obrigado a ir. Dizem que é melhor do que ficar em casa pensando na prova.

– “Refaça as provas de anos anteriores, para que você saiba como é a prova”. Mas, a banca que fará a prova não mudou? O aluno, em um ano, não mudou? Será que ele cronometra o tempo para cada questão em casa? Em casa, não muito diferente da escola?

Então, o que fazer? Sei lá! Não tenho a fórmula mágica para engessar todos os alunos e não tenho a mínima vontade de fazer isso.

Não é melhor conversar com o aluno e saber o que tem a oferecer e o que ele quer fazer? Deixe-o traçar estratégias de acordo com as suas potencialidades.

Esses talvez sejam os grandes problemas: o negócio é usar o aluno como peça de marketing para fazer negócios. Tratar a todos do mesmo jeito. A vaidade do professor de acertar o tema da redação e os temas das questões. E o aluno? O aluno, bem...

 

Compartilhar: