O ANO EM QUE COMEMOS O PÃO QUE O DIABO VIRALIZOU

O ANO EM QUE COMEMOS O PÃO QUE O DIABO VIRALIZOU

Ninguém está preparado para morrer, todo mundo sabe que um dia a morte virá. Ninguém está preparado para o novo, mas sabe que o novo virá. Ninguém está preparado para a surpresa, todo mundo sabe que um dia ela virá. Há sempre a esperança: aquela que ficou presa na Caixa de Pandora. As vezes fica acelerando nosso coração ou esmurrando a nossa “cachola”. A COVID-19 não foi surpresa, cientistas e governantes “esclarecidos” sabiam que ela viria para nos ensinar a nos prevenirmos para outras tantas que se avizinham.

Deveríamos aprender com a felicidade? Sim. Ela existia até março? A gente só conhece a felicidade depois de não reconhecermos o valor de quem o que a motiva. Deveríamos aprender com as adversidades? Muito mais, são os momentos em que estamos mais propensos aos desafios. Bill Gates e os cientistas financiados pela sua Fundação vociferaram: “Haverá pandemias nas primeiras décadas do século XX”, invadimos habitats em lugares inóspitos, domesticamos animais, destruímos nossa biodiversidade, derretemos as calotas polares, onde há vírus sepultados por séculos. O primeiro a gritar, acusado de incitar o pânico, foi amordaçado e enfiado em uma tumba.

Gastaríamos muito menos com pesquisas e ações de prevenção do que com medidas paliativas. Gastamos, em menos de um ano, o que os países gastaram durante séculos. Prevenção não justifica gastos com o conveniente estado de calamidade pública, muito menos angaria votos dos incautos. Funciona da mesma forma que fazer obras debaixo da terra, ninguém vê. A doença mais perversa a estuprar povos nas pandemias chama-se política. Doença leva à submissão; fome leva à submissão; a desinformação leva à submissão; a esperteza leva à cegueira da população e aos cofres públicos. O negacionismo leva os submissos a buscar uma igreja ou a idolatrar o “salvador da pátria” que se serve do fanatismo e da desinformação. Puxar os cordames que seguram os bonecos chamamos de política.

É preciso nos preocuparmos com a sanidade da nossa insana população. Nós, quem? Nós, os educadores, os profissionais da área de saúde física e mental, as autoridades minimamente decentes detentoras da chave do cofre. E quem cuida de nós, estressados profissionais? Certamente, não será o presidente, que nos chama de vagabundos. Pela primeira vez, sentimos o que sentem os presidiários e os carcereiros. A casa virou um cadeião.

As autoridades que, devido ao currículo escabroso, não têm legitimidade alguma, eleitas à base de mentiras e corrupção, fizeram do país um valhacouto de idiotas. Vale fome em troca de votos. Vale a enganação para desviar a atenção do que realmente interessa. E o que realmente interessa? O que é decidido na calada da noite nos porões, o que impingido à custa de fanatismo. O esconderijo atrás do cenho franzido de matador.

A pandemia obrigou nossa “civilização” criada à custa dos privilégios dos ricos e desigualdade para nossos filhotes se reinventarem. O problema é que não os ensinamos a se doar, só a acumular. Os pais são “amiguinhos” dos filhos ou “seus protetores” – o meu filho tem tudo o que eu nunca tive. E o que ele aprendeu a conquistar? Sem acesso aos desejos de consumo, sofre de ansiedade ou de depressão. A cultura do imediatismo recebeu algemas do inimigo invisível: um vírus.

Adubou-se a pobreza financeira e intelectual com escravidão há décadas. Os alunos da escola pública querem estudar, mas não há internet; os que têm a internet, não querem estudar. Há as exceções? Ridículo, precisarmos de exceções. Não nos iludamos: realmente há muitos que não se adaptaram às novas metodologias de ensino via internet. Então, mudar de planeta não será uma má ideia. Esse tipo de coisa veio para ficar, como o papel higiênico, por exemplo.  Outros estavam apenas de corpo presente nas aulas presenciais. No Brasil só se estuda para passar no vestibular. E quanto mais rápido, melhor. Em qualquer faculdade. E o mercado? Ah! “eu se viro”. Nunca para saber, só decorar. Criamos a geração dos depressivos e ansiosos devido ao excesso do tudo e ao excesso do nada. Um povo com imensa incapacidade de discernir.

O que se faz hoje no mundo seria facilmente enredo de filmes pornográficos: negacionismo, sujeição às grandes potências, que estupram sem dó, venda da ilusão de uma vacina milagrosa. Invenções submetem os emergentes, que nunca emergirão, afinal capachos nunca saem do chão. Choramos, esperneamos, invadimos as ruas, as garrafas, afogamos as mágoas, contudo continuamos cobaias presas na gaiola do servilismo. Não somos da época do risco e sim da do arrisco. Foi o ano que nos mais desafiou, o que mais nos ensinou, o que mais nos surpreendeu, o que mais nos empurrou contra a ponta da faca. Aprenderemos? Ou sucumbiremos mais uma vez? Como sempre, corremos para as farmácias ou nos escondemos debaixo da cama. Não há remédios salvadores e vírus cai no chão. E agora? Nos preparamos para 2021 ou apenas o esperamos chegar com sua foice de verdugo. Nossa sina é nos autodestruir até não mais parar? Ridículo: o fogo fomenta o capital, que fomenta a fome, que fomenta a ilusão, que fomenta a burrice, que fomenta a submissão. Nunca aprendemos. Com tantos interesses escusos por trás das enfermidades e das práticas safadas, não aprenderemos jamais.  

 

*Foto: cromaconceptovisual por Pixabay 

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