O aprendizado nunca tira férias

O aprendizado nunca tira férias

                Vestibulandos, nunca prometa para você mesmo o que não pode cumprir, como: “Vou aproveitar as férias para colocar a matéria em dia”. Mentira, não vai: Ninguém estuda nas férias. A “galera” vai para o Guarujá e aí, numa crise de consciência,resolve levar apostilas para poder estudar.

Apostilas pesam e, por incrível que pareça, adoram passear no Guarujá, porém são o chamado peso morto. Você não as abrirá. Voltará para casa com uma tremenda crise de consciência. O melhor disso tudo é que descobrirá  uma coisa boa: que tem consciência.

Férias são feitas para descansar e você pode aprender de forma “gostosa”. Viaje: viajar é uma das melhores formas de aumentar o tão aclamado repertório cultural. São Paulo é um excelente destino, mesmo com todos os problemas: trânsito, violência. Há shoppings maravilhosos, para quem gosta de comprar ou “assistir” ao desfile das vitrines, mas também há maravilhosos eventos culturais: MASP, MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA, SALA SÃO PAULO, PINACOTECA... Pagará uma “merreca” por eles ou nem pagará.

As cidades históricas de Minas Gerais, Ouro Preto e Tiradentes, principalmente, são ótimas opções. Nunca descarte Curitiba e Salvador. Curitiba com seus parques maravilhosos, uma série de museus e deliciosos restaurantes. O passeio a Morretes, ali pertinho, é imperdível. Salvador é museu a céu aberto. Aprenderá muita coisa, sem perceber. Para quem não quer ir muito longe, perto de Belo Horizonte, há Inhotim, o maior museu a céu aberto do mundo: botânica, arte interativa... É o lugar mais diferente a que alguém pode ir. Quem vai, diz que há dois mundos: um é Inhotim; o outro, o resto. É coisa para “babar”.

Se pretende sair do Brasil, melhor ainda. Agora a moda é ir a Portugal, vá e deleite-se.Lisboa e Coimbra são shows e a cidade Porto tem o melhor bacalhau da face da terra. Coisa de maluco: Não. Você aprenderá com os vinhos e os azeites sobre Portugal e suas colônias ultramarinas, mas jamais descarte um “pulinho” à Espanha, a Barcelona. Lá vai “cair de costas” com a obra de Gaudí, principalmente, a Catedral da Sagrada Família.

Se não vai viajar, há uma gama de filmes, livros, artigos, crônicas, contos, que podem ser fascinantes. Atualizar-se é uma questão crucial para aguçar o espírito crítico, adquirir vocabulário,para se expressar melhor. O blog da Eliane Brum é fantástico.

Uma dica também é assistir à Mulher Maravilha (Ribeirão Preto possui excelentes opções de salas de cinema). Por quê? Por que trará uma bela discussão sobre feminismo. Uma dica de leitura é “As comédias da vida privada”, de Luís Fernando Veríssimo (incentivo à criatividade, à diversão e à sociologia), outra é “Terra Sonâmbula” de Mia Couto (vestibular da Unicamp): puro lirismo. Qualquer obra de Mia Couto é sinônimo de grande prazer. Literatura é divertimento, não pode ser encarada como punição.Repertório cultural nada tem a ver com decorar frases bonitinhas de filósofos, sociólogos e poetas famosos.

Repertório cultural é um conjunto de fatores: informação, vocabulário, visão crítica, conhecimento extraído das ciências humanas, percepção do comportamento humano e divertimento. Sociologia é comportamento coletivo. Filosofia é a observação do que é plausível. Para os viciados nas séries da Netflix, há séries fantásticas como Black Mirror e os Vickings.

Mas, vá lá. Você é o famoso CDF, “abridor” de apostilas, porque crê que só elas o(a) passarão no vestibular. Nunca abra, para ficar em cima delas o dia todo. Se não descansar, não aguentará o segundo semestre e ele é chave. Durma bem, o sono “ensina”.

“Quem lê, nunca está sozinho”. “Quem vê com os olhos da razão, nunca será enganado”. Boas férias!

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