O preço a pagar é bem mais alto do que o de uma mensalidade

Luiz Cláudio Jubilato

24 Out 2016 10:26

O antigo sonho de cursar uma faculdade pública "de ponta" foi literalmente para o espaço. A maioria esmagadora dos alunos estão fazendo entre 15 e 20 vestibulares por semestre. É humanamente impossível fazer tantos vestibulares. Aluno não é robô, no entanto pode virar estatística e, com a partir dela, virar motivo de piada. Sem falar numa autoestima destruída.
A qualidade do curso e o preço da mensalidade foram direto para o segundo plano. Há algumas frases lapidares para justificar o desejo de entrar imediatamente numa faculdade, seja ela qual for: 1) "Eu queria fazer medicina, mas, está muito difícil de entrar, passei em odonto, então vou fazer e ver no que dá". 2) "A faculdade não é muito boa, mas, quem faz a faculdade, é o aluno". 3) "Eu queria era passar, passei. O lugar não interessa". 4) O importante não é a faculdade, o importante é a residência". 
Em tudo isso, logicamente, há verdades e meias verdades. No entanto, contra fatos, os argumentos têm que ser muito fortes. Há cada vez mais alunos retornando para os cursinhos, insatisfeitos com: 1) a qualidade da faculdade escolhida; 2) o famoso cursar só porque passei; 3) o alto valor das mensalidades.
Minha preocupação maior é com a ansiedade, que leva, a cada dia, mais e mais alunos depressivos e ansiosos, aos consultórios de psicólogos e psiquiatras.
É, no mínimo, insano fazer 15, 20 vestibulares em um semestre. Somam-se o cansaço físico e mental, total falta de foco e desconhecimento das particularidades de cada vestibular. Essa prática pode levar um jovem a se sentir um "lixo" (como eles mesmo dizem), caso não passe em nenhuma faculdade.
Há faculdades públicas em decadência, como há as consagradas. Há faculdades particulares caça-níqueis, como há aquelas muito boas, consagradas, que mantêm alto grau de investimento. 
Atualmente, quanto mais fácil a prova, mais concorrida é a faculdade. Pagaremos um preço ainda mais alto do que já estamos pagando devido à má formação dos profissionais que prestam serviços para nós.