o Smartphone em sala de aula

o Smartphone em sala de aula

Senhoras e senhores pais e professores e diretores e pesquisadores,  não se assustem, a tecnologia, em sala de aula, veio para ficar. Até aonde ela vai nos levar? Não somos capazes de prever, no entanto podemos direcioná-la. Resistir é um erro brutal: atrás do volante existe um motorista, ele dá os comandos. Por trás de todo instrumento dessa parafernália tecnológica, há o ser humano, ele dá os comandos. Porém, os jovens conhecem os comandos a fundo; nasceram com um computador nas mãos. Os pais, os educadores e a escola, não. Por isso, os mais tacanhas resistem. O novo assusta. Todos passamos por isso, quando jovens.

Estamos numa fase intrigante de todo esse processo tecnológico: os cientistas pretendem humanizar os robôs; nós queremos robotizar os seres humanos, entupindo-o de toda espécie de quinquilharias eletrônicas. Não nos esqueçamos de que, no cerne da juventude, no entanto, estão as revoluções. Atualmente, ele não vem a cavalo, mas em nuvem O que os mais velhos podem fazer? Pegar o trem bala para não o navio do ciberespaço. Ele viaja ao toque de um dedo ou, em isso, ao som da voz. Hoje o velho fica velho rápido demais. Apesar de o Instagram nos manter eternamente jovens ou fotoshop fazer milagres indescritíveis com rugas, estrias, celulites etc.

O smartphone faz parte desse contexto de navegar em clicks, dedos, bocas. Não se espantem com o óbvio. Ele está dentro da sala de aula. Veio para ficar. Daí veem os maiores problemas: Como fazer com que o aluno o utilize com um propósito igual ao do professor? O aluno domina a linguagem do mundo virtual; a maioria esmagadora dos professores, não. Passou da hora de aprenderem. A escola resiste, confisca, reprime.

Não adianta; o aluno resiste, burla a repressão. A escola não fala a língua do aluno, ao contrário vive de passado. Não há nada mais chato que uma sala de aula. Cuspe e giz? Powerpoint? Isso virou sucata. O professor grita: “No meu tempo era melhor”. É a postura avestruz. Os pais fazem isso também. Postura cômoda. A família está em dúvida entre os modismos e as necessidades. Contudo, são os pais, que dão smarthones aos filhos. Sem perceber, criam neles um sentido de urgência, que os leva à ansiedade e à depressão. As maiores doenças do século.As que provocam todas as outras.

Fala-se que a escola precisa desenvolver aplicativos para ensinar o aluno a utilizá-lo. Os tais aplicativos já estão no mundo virtual. Basta pesquisar, inclusive com os alunos/filhos. O que a escola pode fazer é romper com o espaço da sala de aula. Usar o pátio, as praças, a cidade, a interdisciplinaridade, os projetos educacionais para construir grupos, matar a individualidade. Essa mania de eles acreditarem que tudo é para ontem, que sair sem o celular é como se sentir nu.O grande erro da escola é centrar-se no conteúdo, quando deveria se concentrar na experiência prática.

O ENEM sinaliza para isso. Quando o MEC descobre as coisas antes das escolas, alguma coisa está muito errada com elas. Se o smartphone está na sala de aula, tire o aluno dela. Basta de tanta teoria. Tanto conteúdo, não há memória que dê conta disso. Não é à toa que o Google e a Wikipédia substituíram a lembrança. Guardam o passado que insiste em voltar. Fale a linguagem do jovem, aprenda com ele, ao invés de impor um discurso ultrapassado a ele. Não há volta.

Senhoras e senhores pais e professores e diretores e pesquisadores, não há como fiscalizar o aluno, ele conhece a rota de fuga; os senhores, não. É hora de os senhores se sentarem na frente do computador e aprender a manuseá-lo. Só assim é possível acompanhar os passos de um jovem, não há como fiscalizá-lo. Observem: o aluno que usa o smartphone em sala de aula traz o vício de casa. Aí a escola escolhe colocar a culpa na escola. Pior, deixa a escola "criá-lo", confunde ensino com educação: pelo ensino, a escola é responsável; pela educação, não. Educação é papel da família. Escolas não dão smartphones para crianças de presente de aniversário.

Compartilhar: