Retroativa

Retroativa

Retroativa: mais retrô que ativa
(O Boca do Inferno - vestido de vermelho e barba branca à vista, para provar que usa fantasia, é artista, não é comunista)

2018: olho para ele descontente, foi um ano imprudente, demente que o futuro mostrará, porém dos livros a história manipulada esconderá, virará Bíblia de um exército em permanente vigília, esperando o clamor dos cegos para voltar e dono do poder mais um vez se tornar. Sempre foi assim e, enquanto houver poder e o toma lá, dá cá, assim sempre será. Direita ou esquerda, isso é apenas baboseira para o sufragista enganar. Chamaremos de injustiça a justiça que mantiver preso todo aquele do nosso partido que roubar. O futuro pelado dirá, o futuro fardado esconderá. Fardado é todo aquele que uma bandeira empunhar. Malhei em ferro frio, cheguei à beira do rio filosofando que a água que passa não voltará. Engano meu: voltará sim como um tsunami e o conservadorismo burro acordará. Toda unanimidade é burra, toda boca devoradora de mentes urra, para que o medo acorde e como ferida engorde até infeccionar e a infecção se espalhar. Os incautos compram a ideia de que ainda vivemos na Galileia e um profeta virá e nos salvará. Esse povo não pensa que já passou da hora de aprender que “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Todos imaginam: o salvador virá, nossa burra encherá, até nos empanturrar, até satisfazer nossa fome incontrolável de comprar. 
Fui acusado de facista, comunista, materialista, socialista, capitalista, espiritualista, kardecista, melhor acusar do que argumentar. Fui acusado de tanta coisa que só sei que não sei, nem quem sou ou o que serei. Só sei, neste momento, que não sei. Acusação é tão volúvel quanto o perdão. Desculpa é tão mordaz quanto culpa. Arrependimento é tão absurdo quanto impedimento. Censura cria burrice, provoca um furo no futuro, cria uma doença para a qual não há cura. 
2018: foi o ano da mentira oficializada, tornada “fake” pela nossa língua aculturada, nossa forma de ver o mundo sincopada, amordaçada, através dos olhos de uma potência assassina, que assina como dona do mundo, tornando-o submundo mais que sujo, imundo. Porém, no meio dessa imundície toda, encontrei Pâmela, minha aluna, muito feliz, afinal conseguiu o que sempre quis, chegar àquela ilha chamada Brasília, para combater a corrupção, não se tornar dela aprendiz. Encontrei também Izabela, menina mulher, que traz aquela ingenuidade de raiz, descobrindo o mundo que quer desbravar, conquistar, para ser feliz. Ambas me provaram que com a palavra e o coração que sempre existirá o belo, enquanto mantivermos o mínimo elo com o mínimo de civilização, mostraram que de ideais não se abre mão.
2018: foi o ano dos expatriados, dos refugiados, dos sem raiz, do presidente oportunista, que parece idiota, mas sabe o que diz. Criou uma onda puritana, que, no passado, se mostrou desumana, queimando bruxas a esmo, como se o tempo fosse o mesmo de um passado atroz e o futuro pudesse ser controlado pela espada, pelos canhões, baionetas e não pela inteligência e o mínimo de competência para incitar os pobres e conter os esnobes corruptos acusando de corrupção a quem sempre deram a mão. 
2018: há muita coisa a lamentar, mas há muito o que comemorar, como chegar ao final, mantendo-se íntegro, com a consciência de que fez o que pode ser o sinal de que não se pode tratar um homem como um animal. É importante ver o que de humanidade o governante ainda possui, senão o país não evolui, rui, nada constrói, olha só para o que corrói, o que dói.

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