
VESTIBULAR
Provas, provas e provas e provas... Coitado de um jovem de 18 anos "marcador" de "X", massificado pelos modelos de redação que pululam na Internet, todos vencedores de coisa nenhuma. 1000. Só vale se for mil. O objeto do desejo é de qualquer aluno é atingir 1000. Ser o máximo: 1000. O ENEM, que não entrega o que promete, inventou o 1000. O sonho que passa pela cabeça é 1000.
Coloque essa frase no início do texto para impressionar o corretor,
coloque essa outra para ludibriar o corretor, mostre a ele que você tem repertório cultural. Coloque essa conjunção no início do parágrafo. Tire essa. Ponha aquela. Não ponha esta.
A dissertação tem que ser "impessoal", mas a ditadura não caiu? A "crimideia" continua? Ela não pode ser posta nua na rua? Por que continuamos exigindo a impessoalidade nos textos? Por que nossas salas de aulas ainda têm o mesmo formato das fileiras de soldados? Futuros "universiotários", volverI!!
Coitado de um aluno de 18 anos que deve escolher a profissão que "exercerá" pelo resto da vida. Profissão que morre diante das evidências do mercado. Forma-se em uma coisa, faz-se outra. Mas, não é "senso comum" que a adolescência se estendeu até os 40 anos? É o imediatismo? O negócio é viajar, prestar entre 10 e 20 vestibulares, ir para onde der, o que vale é ser "universiotário". O negócio é não "tomar pau", "envergonhar a familia". Sentir-se um escravo no tronco.
O jovem não escolhe a faculdade, é escolhido por ela. Tornou-se refém do investimento da família. E o ideal? O que é isso? Deve ter ficado naquele monte de aulas e apostilas. Não vai dar medicina? Faço odonto? Não aguento cursinho.
Coitado de um aluno de 18 anos. Aulas, aulas e aulas. Ensino? O que é isso? Conteudismo é a resposta. A diferença entre o conhecimento e a informação morreu. O negócio é o decoreba. A rapidez substituiu tudo.
Coitado do jovem de 18 anos com doença de velho: depressão, ansiedade, síndrome de pânico, medo. O que vale no mundo é a nota 1000.