BANANA ENGORDA SIM!!! E FAZ CRESCER, SE DIVERTINDO MUITO TAMBÉM!!!

BANANA ENGORDA SIM!!! E FAZ CRESCER, SE DIVERTINDO MUITO TAMBÉM!!!

     No mínimo, cinco milhões de leitores, das mais variadas idades, pelos mais variados motivos, indo os mesmos da pura identificação à simples e envolvente diversão. Esse é o número alcançado, no Brasil, por Greg Heffley ao expor suas vivências diárias, em busca de notoriedade, durante sua pré-adolescência e adolescência.  Na verdade, tal como definido por Jeff Kinney, o cérebro por detrás das memórias de Greg, em entrevista concedida durante sua passagem pela XVII Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, o garoto fictício é o resultado da inspiração propiciada por sua infância. Ou, como também já havia, anteriormente, declarado, “a versão exagerada” de seu pior lado. Provavelmente, esses argumentos justificam sim o colossal sucesso conquistado pelo menino banana. Contudo, é, praticamente, obrigatória a conclusão de que o estouro de vendas dos livros da série se deve, principalmente, à identificação do público leitor com as palavras de Greg. Portanto, talvez o exagero de parte da personalidade de Jeff, considerado pelo próprio, seja algo comum no mundo real e não exagerado de milhões de leitores brasileiros e do mundo afora.

      Não é segredo ou fato exclusivo da vida de poucos, contido em quaisquer diários, espalhados pelos quatro cantos do globo, o desejo humano de ser reconhecido e admirado pelos outros. E, na verdade, quando visto mais de perto, esse mesmo desejo tem origem em outro anseio mais importante do Homem: sentir admiração por si mesmo. Esse, possivelmente, é o sentido maior presente nas linhas dos livros da série sobre os desafios do banana mor. Ironica e paradoxalmente à esse anseio, as experiências de Greg demonstram que a própria busca por sua satisfação egóica já põe, todo indivíduo, em condições constrangedoras capazes de por abaixo todo esforço despendido para a construção do ideal supra ou super. Está aí, também, outra razão do impacto de sucesso comercial e filosófico do trabalho de Jeff. Não há super heróis...Somente meninos e meninas no constante exercício de acreditar que um dia podem ser tonar maiores e além do que são e do que seus horizontes os permitem se perceber. Nesses horizontes, são as relações interpessoais - sejam entre familiares, amigos e “nem tão amigos assim” - que constituem os meios pelos quais são expandidas ou reduzidas todas as possibilidades ofertadas pela vida. Por isso, fica evidente, durante a leitura dessa série, o quanto é importante para Greg e para tantos na vida real - ainda que obsessivo e moralmente duvidoso em dados momentos - o êxito social. Assim os sentidos de amizade, rebeldia e rejeição - traços típicos e comuns da fase discutida entrelinhas na obra - estão sempre ali, ainda que previsivelmente intensos e distorcidos, tal como inúmeros jovens, como Greg e seus pares, seriam capazes de sentir. Tendências de comportamento como o machismo, parcialidade e a provocação para com o politicamente correto são aspectos, sutilmente, abordados e cutucados por Jeff e Greg, como fosse uma dupla audaciosa e abusada, mas, fundamentalmente, delicada, leve e divertida. E são todas essas características que possibilitam os milhões de leitores sorrirem, mesmo quando pensam, pelo olhar da nova dupla dinâmica, seus medos, ansiedades e constrangimentos. De forma, essencialmente, resumida, quando pensam suas vidas.

     Jeff Kinney aparentava ter razão quando diz que seu trabalho não tem o intuito de ensinar qualquer lição de moral às crianças. Entretanto, ao analisar todo o movimento popular provocado por sua passagem pelo evento literário ocorrido no Rio de Janeiro, no mínimo, é possível dizer que milhões estão pensando, ainda que figuradamente, sobre seus conceitos e comportamentos. Obviamente, não dá para saber, ao certo, o resultado prático no diário de cada leitor da série “O diário de um banana”. Mas, não há dúvidas de que a vida de Jeff kinney já experimentou passos decisivos rumo ao que, semelhantemente, Greg profetizou para si mesmo: “Um dia eu vou ser famoso, mas, por enquanto, estou preso no ensino fundamental com uma cambada de débeis”. No caso de Jeff, não se trata de débeis, mas de indivíduos ávidos por similaridades de percepção e sentimentos.

 

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