DESTES CERTO OU ERRADO?
Marcelo Filipecki
19 Jun 2017 23:09
Quem deu certo, inegavelmente, foi o Tite...Estatísticamente falando, o técnico está se tornando autor de marcas históricas. Para início de conversa, fundamentada, nunca o Brasil havia se classificado para uma Copa do Mundo tão antecipadamente (quatro rodadas de antecedência). Ficou difícil para os adversários e russo para os brasileiros!!! A partir de sua chegada ao comando do time da amarelinha - não mais amarelada -, a média de gols marcados subiu para 3, contra 1,8 anterior à sua presença. Em gols sofridos, os números são ainda mais certos, pois, antes do gaúcho, a seleção possuia média de vazamento de 1,3 gols por jogo, enquanto, sob o olhar de Tite, despencou 5 vezes, indo para 0,25 gols por jogo. E, para exemplo derradeiro de que deu tão, tão certo, somando, somente, os pontos conquistados pela seleção brasileira de futebol a partir de Tite, o número obtido, até o momento, já seria suficiente para a liderança brasileira nas eliminatórias da Copa de 2018. Impressionante o sucesso do ex-treinador de Corinthians, Internacional, Palmeiras...Realidade "Titeânica"!!!! Se isso não é dar certo, o que seria então??? E dar certo, nesse caso, não é comprovado apenas pelos números, mas, também, pela sociologia. Tite tem status e os faz valer. Atribuído, inevitavelmente. Adquirido, principalmente e merecidamente. Sem distorções, sem superficializações. Tal como muitos brasileiros e diferente de tantos outros compatriotas.
Algumas vezes assisto, com minha filha, seriados infanto-juvenis. Em alguns deles, lamentavelmente, vejo representarem profissionais, especialmente da educação, de modo idiotizado, ridicularizado, démodé, ainda que os mesmos estejam indo muito além de suas condições possíveis para realizarem seus trabalhos - coincidência com a vida real? Ironicamente, personagens cheios de autoestima são, justamente, aqueles que, tecnicamente considerando, possuem, como todos, status atribuído, mas, quanto aos adquiridos... Bem, são, no mínimo, duvidosos, na medida em que tais status a eles foram conferidos por gente "pop tão brisada" quanto."Brisa" e "achismos"...Quanta credibilidade sustentável!!! Talvez a mesma credibilidade da garotada protagonista do tal "Se nada der certo". Afinal, o status de estudante parece, ao menos temporariamente, não os caber, já que para fazer jus à esse status, é necessário reconstruir, incessantemente, repertório de conhecimentos - não de achismos - seja por livros ou quaisquer outros meios de estudo. Tal como, se baseados em conhecimento estivessem, jamais teriam se fantasiado, com conotação de deboche e desprezo, de porteiros, empregadas domésticas, atendentes de fast food, etc. Afinal, para sãos e inteligentes, as funções dos referidos profissionais são alicerces indispensáveis, dentre tantos outros, os quais sustentam a sociedade cada vez mais exigente em eficiência e ecadeada em suas operações. Mas, se fantasiaram e fantasiam, como quase sempre...A bengala dourada de muitas galeras. O mundo, para várias delas é interpretado como fantasiar. Fantasiar que o "kit papai e mamãe", contendo poupança desde bebês, seguro sobrenome, acessoria consanguínea absoluta - doméstica, estética e pseudo-dialética - 24 horas, é tudo o que precisam para todo o sempre, mesmo que esse sempre possa acabar em dez minutos, nos quais, para suas mentes aparentemente alienadas, acontece o tenso e, por vezes, traumático contato com o planeta Terra, em suas úteis, amplas e sempre criteriosas formas de viver. Entretanto, ressalta-se que tantos subconceitos - medíodres e sociologicamente ilógicos - sobre dar ou não certo, não são próprios somente de quem, supostamente, tem na carteira um universo de exclusividades luxuosas e na cabeça um vácuo enlouquecedor. Curiosamente, podem ser subpensados e subvividos, igualmente, por uma turma cujo bolso quase, ou, totalmente, vazio não endossa mentalidade de riqueza - essa, claro, estritamente material. Afinal, esse infeliz ouro de tolo se prolifera, principalmente, a partir de preconceitos, clichês sócio-culturais e desrespeito humano. É triste, mas, verdadeiro constatar que a miopia geral - social, política, econômica, cultural - é democrática, se fazendo presente nas mansões, passando por apartamentos e casas, alcançando, por fim, barracos. Entretanto, quando a visão de cidadania está, absolutamente, nítida é possível enxergar o que, essencialmente, deve significar "dar certo". Planejamento, construção, aperfeiçoamento e satisfação. Qual é ou será o projeto correto depende ou dependerá da franqueza íntima de cada um. Sem hipocrisias. Por isso, talvez tão equivocados quanto os meninos e meninas autores do "se não der certo", são alguns os quais, até aqui, os influenciaram distorcidamente, especialmente, do ponto de vista das falhas filosófica e sociológica nas quais acreditam. Orientar seres humanos para tudo (leia-se grana, posição social, etc), menos pra o que lhes são autênticos, reais e funcionais. Sim...É perverso e falso, mas, comum e aceito socialmente. Negar isso é, por parte de muitos, provavelmente, cinismo. E cinismo nunca vai dar certo!
Coincidência ou não, Tite é reconhecido, senão por todos, mas, por muitos profissionais que com ele trabalham ou já trabalharam como uma pessoa acessível, de fácil trato, justo e de grande coerência. Sim...É possível afirmar que estilo de pensamento e êxito não são questão de coincidência... Sobre Tite, um dos exemplos do que deu certo, seus acertos não são meros acasos. A admissão de seus erros não são teatro midiático. Seu comportamento como um todo pode ser chamado de resultado direto de busca e desenvolvimento permanente de consciência. Consciência é consistência. Não há qualquer dúvida de que dá certo. Tal como é consciente e consistente uma das frases - entre outras - contida em carta postada, em rede social, por um cidadão chamado Márcio Ruzon, ex-porteiro e filho de porteiro: "Embora eu sendo agnóstico, respeito muito um carpinteiro que "não deu certo" e que fingem amar..." Enfim, além de Tite e de Márcio, derrame uma lágrima quem mais estiver dando certo!!!
