ESCRITO COM BATOM: DE TAMPAS AO MUNDO

ESCRITO COM BATOM: DE TAMPAS AO MUNDO

                Ela não tem que acordar a qualquer hora da manhã

                Para, involuntariamente, guiar quem quer que seja

                Em direção à um másculo sucesso, regado à copos de cerveja

                Deixando, para si mesma, apenas um horizonte de linha vã.

 

                Ao se olhar no espelho, ver refletido todo seu feminino, seguro e poderoso

                Energia a vitalizar sempre a autorrealização

                Compassando seu próprio ritmo, sua exclusiva decisão

                Afirmada e cantarolada em lábios de espírito autônomo e destemeroso.

 

                Dona de toque capaz de corar Midas

                Ciência de potência, de transformar

                Mentes, atitudes, idas

                E sobre vindas? Já após o primeiro contato, quem vai querer para antes dela retornar?

 

                Salto, tênis, sapatilha, chinelinha

                Suas pegadas conduzem à evolução da História

                Até aqui, foi mesmo muito talento, sangue, suor, Gonzaga Chiquinha

                Marie, Simone, Virginia, Frida, Nísia, Bertha,..., e tantas outras Senhoras da vitória.

 

                Sexo, aborto, trabalho, política, o todo e tudo

                Devem estar ao alcance de seus corpos e pensamentos

                Nunca mais a imposição da abusiva ideia de gênero mudo.

                As palavras são empoderamento, engajamento, consentimento, desenvolvimento.

 

                Dos estudos em semiótica na universidade

                A cultura nonsense sobre a tampa de fogão

                Cada mulher tem sua legitima vontade e íntima verdade

                Tampa da panela? Talvez, mas, sobretudo, o que for que mova seu coração.

               

                 Definitivamente, alicerce social

                 Sustentando as mais variadas possibilidades de vivências

                 Pelas lentes de uma funcional conjuntura global

                 Palavras que a caracterizam e fecham a rima: insurgência, ambiência, excelência.

 

                 Repelir "mansplaining", já pedindo licença por digitar, aqui, palavra por palavra

                 Afinal, textos para reafirmação de si, escritos por outrem, não são necessidades delas

                 Essas tímidas letras representam, tão somente, admiração e lavra

                 Por um ínfimo movimento colaborativo às atuais, importantes e indispensáveis querelas.

 

                 Por fim, nada e tudo para elas desejar

                 Sobre o nada, explica-se, sussurrando aos seus ouvidos, são mais que perfeitas assim

                 E sem contradizer tal afirmação, ao contrário, de modo veemente a reforçar e bradar

                 Que o tudo se justifica por merecerem sempre mais! Será que alguém, em são sentimento, ousaria discordar de mim?  

 

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