LEMBREI DO MEU AVÔ...PENA NUNCA TER SE VESTIDO DE PAPAI NOEL, MAS…

LEMBREI DO MEU AVÔ...PENA NUNCA TER SE VESTIDO DE PAPAI NOEL, MAS…

   A data de hoje pede apenas essência, ainda que questionável sua ocorrência pelos cantos do mundo durante o Natal. O que importa é que cada um a demonstre de seu jeito, possível e único. Portanto, também quero expor, nesse texto, o máximo da minha essência, no que eu for capaz. Ela é meu presente - passado e futuro - recebido e ofertado. Somente eu posso oferecê-lo, pois, esse presente é uma tentativa de exposição do que tenho de humano habitando em mim. E, claro, como qualquer presente que se possa dar, espero que quem quiser recebê-lo goste, ainda que somente bem no íntimo de si mesmo ou no final de qualquer fase, ciclo, etc...Afinal, não é preciso que ninguém goste desse presente imediatamente. Mas, nutro o desejo sincero que em algum momento ele se torne útil e valioso, pois, assim será ponte para mais uma amizade e, consequentemente, mais Vida!

   Sim, eu lembrei de meu avô paterno. E, de fato, não me lembro de tê-lo visto vestido de Papai Noel em cada um dos Natais que passamos juntos. 35 ao todo. Hoje estou com 38 anos. Me lembrei dele, precisamente, em função desse presente acessível à todos. Polonês, prisioneiro em campos de concentração, combatente, exilado...Sua humanidade trouxe para mim, nas três décadas e meia de nossos Natais juntos, presentes inestimáveis. E um desses presentes, entre tantos, parece ter se tornado perene em minha mente e um dos constituidores do que há de humanidade em mim. Presente composto de poucas palavras, mas, de força imensurável. “O brasileiro, infelizmente, ainda não se uniu e reagiu adequadamente aos seus problemas porque, por mais graves que sejam, ainda não viveu algo como uma guerra”. As palavras exatas não foram essas, mas, o sentido foi, com absoluta certeza - confirmado por outros familiares. Também recentemente, conversando com um querido amigo (advogado e professor de língua portuguesa) sobre essa mesma afirmação de meu avô, o mesmo opinou dizendo que a diferença é que em uma guerra não há só miséria material, mas, principalmente, miséria de espírito. E em seguida, emendou falando esperar não ser preciso que o Brasil viva uma guerra declarada, para o país - leia-se população - se unir, evoluir e melhorar. Estou certo de que meu avô, ao expor essa ideia, também não quis dizer que desejava qualquer guerra envolvendo o Brasil, nos moldes de como ele mesmo viveu na pele. Bem como, provavelmente, a não necessidade de uma guerra declarada - tal como foi a Segunda Grande Guerra e tantas outras - também seja o desejo de tantos outros brasileiros. Desejo e reflexão. Já que essência é o presente de Natal, reflexão também o é. Afinal, não é a reflexão o meio mais fiel para exposição de nossa essência? Lógica e evidentemente, meu avô tinha seus fantasmas pessoais, defeitos... Até porque, segundo entendi a partir dos tantos presentes que dele ganhei, guerras não fazem santos, mas, fundamentalmente Homens. Contudo, possivelmente, Homens com mais condições de alcançar consciência quanto às suas boas e más tendências íntimas. Talvez, também por isso, Homens que devam tentar ser mais responsáveis pelas escolhas que fazem para si mesmos e influências que compartilham com as demais pessoas de seus convívios. Essa consciência todos testemunhamos em meu avô, por meio de sua busca prática e permanente por união consensual, oriunda da iniciativa em respeitar divergências de pensamentos, ainda que as mesmas se mostrassem profundas. Busca por ele realizada utilizando dois simples, mas, “humaníssimos” elementos: fala e escuta. Quanto a mim, como neto, continuo ainda hoje usufruindo de tantos dos presentes que dele recebi, me esforçando em torná-los norteadores de minha essência. Minha prática em fala e escuta é dura e difícil. Mas é, sobretudo, obrigação edificante, cujo objetivo é me formar menos autoritário. Penso em como ser menos egoísta sem me tornar altruísta de propaganda. Reflito sobre formas de me fazer mais acolhedor sem me tornar tão possessivo. Imagino meios de ser mais honesto, evitando minha hipocrisia. Me ponho em circunstâncias diversas para o desenvolvimento de minha empatia, tentando minorar meus traços de indiferença. Mas, principalmente, durante a batalha íntima pela continuidade de todas as minhas tentativas, me cobro a atenção em jamais me permitir parar de algo fazer para permanecer coerente com minhas essências.

   Paz e prosperidade...Embora não deveriam, atualmente, são votos comuns divulgados por tantos cartões e vozes, mas, conquistas e realidades raras. Não deveriam pois paz depende, simplesmente, do reconhecimento e convívio pacífico - e não passivo - de e entre múltiplas consciências. Já a real prosperidade é consequência essencial de paz. Assim sendo, Paz e Prosperidade convergem com o realismo, sempre depurado de ceticismos e vazios otimismos. E realismo é questão de consciência. Feliz Natal e Próspero Ano Novo à todos! Feliz Natal e Próspero Ano Novo Vô Filipecki!!! Faço sim, como presente, votos a mim e à todos, pois, são e serão sempre possíveis, na perfeita medida em que são obras da vontade e integridade humanas. Afinal, o que é consciência senão nossa exclusiva essência?

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