NAMORADAS EM LÁGRIMAS, SOCIEDADE EM PRANTOS: O FALSO PODER DO PÊNIS

NAMORADAS EM LÁGRIMAS, SOCIEDADE EM PRANTOS: O FALSO PODER DO PÊNIS

     “Qd um hetero pergunta como lésbicas transam eu sinto pena da namorada dele pq se vc so sabe transar enfiando o pinto vc deve transar mt mal”. Acalme-se, leitor!!! Sei que é de arrepiar a frase dita por uma internauta nas redes sociais da vida. Mas, certamente, o arrepio é muito mais em função da forma pela qual foi expressada a frase, pois, a mensagem nela contida é, fundamentalmente, útil. Para evidenciar tal utilidade, poderia, simplesmente, exemplificar citando que são inúmeros os casos de dificuldade de ereção ou de ejaculação precoce, precisamente, pelo machismo que cultua, excessivamente, o “poder do pênis”, desconsiderando aspectos muito mais essenciais nas relações sexuais, verdadeiramente, prazerosas. Entretanto, é possível perceber que a utilidade dessas palavras, tão coloquiais quanto diretas, vai muito além de questões que envolvem a saúde sexual humana. Sua função é tão útil porque questiona temas como conservadorismo ignorante, tradicionalismo obsoleto e preconceito alienante.

      De fato a qualidade da vida sexual humana depende, além dos “orgãos sexuais mais famosos”, de outros componentes da anatomia do Homem. Componentes esses cujo funcionamento saudável influencia e sofre influência de mecanismos de natureza subjetiva, tal como a estrutura psicológica do indivíduo. Exemplo mais claro desse fato é o cérebro, orgão que, ao mesmo tempo, comanda e é comandado pela dinâmica psicológica do Homem. Desse modo, a performance do “pinto”, na realidade, se torna, somente, um reflexo do que está acontecendo no universo psíquico e neural dos amantes. Muito óbvio, né? Sim...Tanto quanto são óbvias, mas pouquíssimo pensadas, muitas outras constatações, frequentemente, suprimidas pelo que há de mais idiotizante em conceitos ultrapassados, mas, de maneira constante e absurda, entendidos como únicos, normais, sensatos e alicerces da “correta vida individual e social”. Tão “normais e sensatos” quanto aqueles que propõem submissão de um ser em relação ao outro, seja por fatores de gênero, sociais, religiosos, etc. Tão “normais e sensatos” quanto aqueles que definem comportamentos honestos como utopias, ingenuidades e sinais de fraqueza nos tempos atuais. Tão “normais e sensatos” quanto aqueles que defendem a prática de violência - independentemente do tipo - para solucionar outros comportamentos violentos. Tão “normais e sensatos” quanto aqueles que entendem a intolerância e fanatismo como sinônimos de fé. Tão “normais e sensatos” quanto aqueles que interpretam ideologias políticas como dogmas vitais, indubitavelmente benéficas, sendo os mesmos, inclusive, superiores à capacidade e direito de repensar. Tão “normais e sensatos” quanto aqueles que não percebem que, provavelmente, o Brasil tem sim uma política cultural, mas, convenientemente, é intencional reservar à mesma apenas, aproximadamente, 0,6% do PIB, mantendo, desse modo, o já cambaleante hábito de refletir e questionar muito distantes do domínio popular brasileiro. Afinal, embora pareça clichê - quem dera fosse só clichê -, que utilidade há em saber ler as linhas, entrelinhas, escolher e bem decidir a própria história?    

       A partir de palavras tão espontâneas, escancaradas - e até impacientes - podem ser revisados princípios e ideias doentios e desestruturantes, quando consideradas as necessidades da família humana atual. Essa revisão viabiliza o permanente ajuste dos olhares, línguas e manejos da humanidade. Do contrário, a indiscriminada preservação e continuísmo do que já embolorou e se tornou inaplicável, direcionará a história humana para a beira e consequente queda em “precipícios conceituais e comportamentais” . Nesse contexto, relembrando as palavras sinceras e claras da internauta, o Homem sofrerá o efeito mais nocivo e pejorativo da ação do “pinto”. Se fu…  

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