PLANETA DOS PEDESTAIS

PLANETA DOS PEDESTAIS

Jorge, Expedito, Francisco, Xangô, Omolú, Obaluaiê, Oxumaré...Alguns faróis em meio a maré da Vida, com suas ondas que trazem e levam sossegos e dasassossegos. O hoje está ou não pra peixe? Não importa, há de pescar. Alimento, Homens e a ti mesmo. Para amanhã, a previsão sempre prevê o imprevisto. E eu, tu, eles com isso? Bote salva vidas boia na água, seja salgada ou doce, mas, surge e cresce, de verdade, na mente e se sente, também, no coração.

Elza, só ares. Ares de dores, de inconformidades, de enfrentamentos, de embates, de quedas, de sobrevivência, de ascensões, de plenitude, de humanidade. A Elza. Soares. Capitã por mares pacíficos ou revoltos. Da voz absoluta à voz da consciência, as quais atingiam vertiginosas alturas. Como gritos melódicos indispensáveis, especialmente, agora. Pura e genuína Psicologia. Pro preto, pro pardo, pro índio, pro branco, pro povão. Berro franco na expressão de si. Dó, re, mi, fá, sol, lá, si. Escancarou a música que nunca encerra com sua partitura, vida dura ou molejo do batuque. Marcou e também foi marcada pelos ritmos. Quem nunca? Todos assim deveriam. Holofotes...Durante noventa e um anos, acenderam, apagaram, acenderam, apagaram, acenderam...Enquanto o show estava sempre lá. Reconhecido ou não. Sob aplausos ou silêncio. Mestre inconsciente Cognitivo-Comportamental, capaz de reconhecer, lidar e superar sustos, tragédias, pânicos e dores. Ressignificando, incansavelmente, seus espelhos, tanto dos quartos, quanto dos camarins. Pensamento e comportamento em transformação, ressublimação e sublimação. Arte de diva, descortinando a onipotência, a qual, talvez, não seja só Divina. Principalmente, sobre sua própria mente. Intérprete camaleoa do e no mundo de pedras e diamantes. Em palcos de gigantes, a feiurinha, talentosa e ousada, por extrema necessidade, embelezou-se com as reverências, à ela, prestadas. Via manifesto e amor entoou inconfundível canto, garantindo individualidade e exclusividade. Se Garrincha foi a “Alegria do povo”, Elza demonstrou, no decorrer de sua vida acidentada por dores e glórias, ser a senhora da própria alegria. E não somente por 19 anos, como crava sua biografia.

Em 1953, vinda do “planeta fome”, tal qual a maioria dos brasileiros, e, diante do já prestigiado Ary Barroso, Elza Soares provou, para a plateia, Brasil e si mesma, que não tinha medo de fumaça, bem como, que sabia e, também, viria a saber muito mais, do que apenas dar o jeito nas cadeiras. Foi a própria Morena Sestrosa!!! “Seu Ary” deve, ou pelo menos, deveria ter percebido isso logo de cara. São Jorge sempre soube... A Psicologia reconhece e agradece os serviços prestados, Dona Elza.     

Compartilhar: