Så kan vi hjälpa dig? Vill du hjälpa oss?

Så kan vi hjälpa dig? Vill du hjälpa oss?

“Você quer falar sobre isso?”. “Como você se sente a esse respeito?”. Duas frases muito atribuídas a psicólogos as quais simbolizam, popularmente, a Psicologia. Entretanto, sensos comuns a parte, é fundamental a lembrança de que a intensidade de um atendimento psicológico é muito mais significativa e contundente do que faz parecer o imaginário popular. Por meio de ferramentas psicoterápicas, dá-se um profundo mergulho nas camadas mais internas da psique humana, favorecendo descobertas e reinterpretações sobre fatos, sobre o mundo, sobre si. Inegavelmente, quando há esforço honesto por parte do analisado e competência por parte do analista, o movimento psicoterapêutico de revisões íntimas guarda certo grau de dor, de um incômodo necessário que, quando aceito e assimilado, presenteia o indivíduo com a percepção de suas disfunções filosóficas e comportamentais, bem como, potencialmente, tende a promover a atualização de seu modus operandi, tornando-o mais habilidoso e competente no lidar diário de sua vida. Desse modo, o que é possível imaginar como resultado de uma experiência “psicoterapêutica pública”, mesmo que pontual e breve, realizada com políticos de um país?

                 Na Suécia a experiência mencionada foi realizada, mesmo que debaixo de críticas ácidas de grande parte da opinião pública. A principal crítica se referiu ao que inúmeros suecos denominaram como “repugnante personalização da política”, pois, nesse país nórdico, culturalmente, o que, exclusivamente, se considera são as filosofias e propostas políticas do candidato ou partido que beneficiarão a sociedade como um todo, e não suas experiências e posturas pessoais, as quais poderiam dar margem a cultos a candidatos de forma individual. A população não concordou com a ideia da emissora de TV local sobre o uso da teoria (já cientificamente comprovada) de que as experiências humanas, pessoais e profissionais, exercem forte influência na modelagem global do indivíduo. Portanto, em uma possível análise da questão, se poderia dizer que significativa parte da nação sueca demonstrou algum grau de distância científica ao repudiar a novidade televisiva, na medida em que é viável sim ter alguma noção de conduta do indivíduo a partir de sua história comportamental/ psicológica. Por outro lado, a rejeição para com a ideia da TV é interessante e, extremamente, válida. Isso porque, retomando o conceito social sueco sobre a política ser essencialmente grupal, na qual “é a conduta de todos se ajudarem que torna uma sociedade forte, pois assumem uma responsabilidade coletiva”, a despersonalização política defendida por esse povo, se não elimina, minimiza, sensivelmente, as tendências de se acreditar nas “vocações messiânicas” postuladas por candidatos x ou y. Então, provavelmente, deve ser inimaginável, para incontáveis suecos, a aceitação de frases recheadas de verbos conjugados na primeira pessoa do singular (ainda que muitos, de forma não convincente até para eles mesmos, usem a primeira pessoa do plural), como “quando fui tal coisa, fiz, isso ou aquilo...”. Semelhantemente, deve soar patético, aos ouvidos da referida população europeia, o alarde traiçoeiro comum de vários candidatos “verde e amarelo” sobre suas “façanhas de superação pessoal e serventia política, os tornando do bem”. Na verdade, as primeiras são frutos da escolha em querer ou não viver a auto piedade. Já a segunda, óbvia e mera obrigação de quem pleiteou e assumiu cargos políticos. Entretanto, o mais grave é que tais alardes fazem os muitos candidatos velhacos propagandearem um  tal “credenciamento exclusivo” a salvadores e Rebentos do Brasil. E haja pipoca para tanta sessão de cinema!!! Assim, se a ideia da TV sueca fosse reproduzida no Brasil, talvez, em função da constante verborragia política nacional, o simples diálogo para reconhecimento de inúmeros candidatos desviasse para percepções quanto às possíveis hipóteses diagnósticas em relação aos mesmos. Imagina-se, então, que nesse cenário fantasioso o Transtorno de Humor Maníaco e/ou Transtorno de Personalidade Narcisista seriam líderes em número de casos. A honesta conjugação dos verbos na primeira pessoa do plural é comportamento atrofiado no cenário político brasileiro. No entanto, conjugar verbos em terceira pessoa, principalmente com o objetivo de depreciação, ocorre constantemente, tanto no singular quanto no plural, bastando apenas que haja conflitos de interesses. Nesses casos, as tentativas de consensos entre partes divergentes e consequentes benefícios para todos são interpretadas como sinônimos de atitudes caxias ou utopias piegas de pessoas que não têm na “Lei de Gérson” suas referências de conduta. Evidentemente, consenso é algo muito diferente de negociata, principalmente quando a última é justificada pela ideia de governabilidade.

                De que maneira podemos ajudar? Vocês querem nos ajudar?  Essas são as traduções em português para as duas frases escritas em língua sueca, as quais conferem título à esse texto. Porém, não deveriam ficar limitadas a quaisquer textos. Deveriam ser a tônica da vida social, a qual seria refletida pela política, e essa última se tornaria, portanto, forte influenciadora positiva de desenvolvimento humano pleno para todos, e não algo cada vez mais conhecido como aniquilador dos anseios e desejos coletivos, na medida em que parece ser fonte cobiçada de privilégios e glamour individual.

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