SEGUREM, MAS TAMBÉM VÃO ALÉM, PEÕES!!!!

SEGUREM, MAS TAMBÉM VÃO ALÉM, PEÕES!!!!

            Seguuuurrrraaaaa Peãããoooo!!!! Se você nunca ouviu essa frase, pergunte a si mesmo em que planeta estava nas várias décadas passadas. Afinal, para todos que a conhecem, sabem que se trata de um chamado para comemoração, diversão e cultura. Ainda que envolta por polêmicas - principalmente sobre a saúde física e psicológica dos animais participantes - é fato inegável a importância do evento para tantas outras áreas abarcadas por ele. Especialmente quando se pensa na tradicional Festa do Peão de Barretos, inciada em 1956, que engloba desde o âmbito do entretenimento, passando pelo econômico e chegando até a esfera da saúde humana. Pois, não é novidade a destinação de parte dos recursos adquiridos pela realização da Festa do Peão para o Hospital do Câncer de Barretos. “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita;Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente”. Palavras contidas no Evangelho de Mateus, capítulo 6, versículos 3 e 4. Palavras mais conhecidas, em nível mundial, do que o aviso ao peão no início do texto. Entretanto, qual a relação entre a festa de boiadeiro mais famosa do Brasil e a passagem bíblica referida? Atitude humana (logicamente, esclarecendo que o termo “esmola” empregado no evangelho não tem o significado literal que hoje se conhece). Mesmo sendo, obviamente, compreensível a importância e significado das palavras de São Mateus, é útil e proposta aqui a reflexão sobre a necessidade das atitudes humanas, mais nobres e funcionais, serem valorizadas, reconhecidas, divulgadas e multiplicadas. Por quê não?

               Depois de 17 anos de sua primeira vinda à Barretos, o cantor norte americano Garth Brooks retornou à cidade paulista, no último dia 22, para fazer seu show na festa caipira. O detalhe é que, além de destinar seu cachê ao Hospital do Câncer, o próprio cantor custeou toda sua viagem, bem como de seu staff musical. Como há tempos é sabido - e igualmente deve ser muito valorizado e divulgado - que vários cantores nacionais também doam seus cachês ou auxiliam de outros modos o Hospital do Câncer de Barretos. Tais atitudes não são importantes, somente, do ponto de vista financeiro, da saúde e do bem estar emocional dos seus executores ou beneficiados. São atitudes essenciais para a continuidade da reestruturação filosófica da sociedade, sempre em direção mais altruísta e menos egoísta, aprendendo e exercitando positividade, fraternidade e senso verdadeiro de comunidade. Elas têm o poder de colocar em xeque (pré)conceitos rígidos que ameaçam a reestruturação referida, expostos por frases prontas, tais como: “as pessoas sempre irão querer algo em troca”, “o mundo é dos espertos”, “nada é de graça”, “familiares são as únicas pessoas em que se pode confiar”, “arranhe um altruísta e verá um egoísta sangrar”, etc. Vários desses pré conceitos, inclusive, são divulgados aos quatro ventos, como verdades incontestáveis - quase multiculturais -, sem o menor pudor ou vergonha, reforçando inadequações comportamentais de gerações para gerações. Ou seja, gerações inteiras não são perdidas, precisamente, para fatores repetidos por tantos e tantos, como clichês nocivos, tais como drogas, violência, banalização da vida. Os mesmos são somente reflexos nítidos do que, factualmente, põe tudo a perder: falsa percepção de incapacidade de se reinventar e supreender gerando ideias e ações colaborativas e cooperar para a multiplicação de tal reinvenção. Neuroticamente, por receio de soar autopromoção, indivíduos que, regularmente, possuem comportamento colaborativo fazem o que podem para que suas boas ações não sejam reveladas ao público. Contudo, seus medos não os permitem aproveitar - nem permite a sociedade aproveitar - os efeitos de uma provável  consequência, pela qual ações benéficas influenciam novas ações ainda mais benéficas, constituindo uma forte corrente do bem para todos. Não há como duvidar da chance criada pela colaboração em estimular mais colaboração. E, quando feita genuinamente, ainda fica claro, para o indivíduo executante, a percepção de ser, “apenas”, parte importante de uma engrenagem virtuosa, e não peça central de mirabolação egocêntrica viciosa.

            Oren Harman, professor universitário israelense, é um dos vários cientistas no mundo que se dedicam a estudar o pensamento e comportamento altruísta. Porém, segundo sua própria análise, a ciência nunca será capaz de desvendar e entender, por completo, as raízes do altruísmo devido às suas causas multifatoriais - inclusive, com aspectos muito subjetivos que estão além de aspectos neurofisiológicos. E esse entendimento, segundo o professor, não importa muito mesmo, pois, a real importância se dá no que de bom pode-se gerar para o Homem. “A vida não é experimentada, é meramente sobrevivida se você está ficando do lado de fora do fogo.” Certamente, Garth… Que todos tenham a coragem e saudável ousadia de ficarem no fogo da vida, cantando em alto volume, para todos ouvirem suas possíveis maravilhas!!! Até, porque, como disse Padre Antonio Vieira, em meados de 1640, “as palavras movem, os exemplos arrastam.”        

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