Exercícios físicos como tratamento para o Alzheimer

Exercícios físicos como tratamento para o Alzheimer

Você sabia que há estudos que derrubaram o mito de que as pessoas mais inteligentes são aquelas dedicadas apenas a atividades intelectuais, do tipo que faz tudo sentado? Pesquisas em escolas americanas demonstram que os alunos que se saem melhor em ciências e matemática, por exemplo, são aqueles que se exercitam mais. Utilizando tal conceito, exercícios físicos começaram a ser incluídos no tratamento de pessoas com doenças neuropsiquiátricas, como o mal de Alzheimer e a síndrome do pânico. E os resultados são animadores.

O mal de Alzheimer cresce no mundo à medida que a população envelhece, mas não tem tratamento farmacológico eficaz. Hoje, é a principal forma de demência em idosos. Uma pesquisa realizada na Unicamp indicou que o exercício é um aliado poderoso, capaz de melhorar funções do cérebro e aumentar a qualidade de vida de pessoas com a doença. O estudo, que faz parte da tese de doutorado da especialista em ciência do esporte e neurociência Camila Vieira Ligo Teixeira, do Laboratório de Neuroimagem e Física Médica da Unicamp, oferece resultados significativos. Após seis meses de treinamento com exercícios, um grupo de 25 pacientes com uma forma leve de Alzheimer obteve melhora clínica, com menos estresse, apatia e depressão.

O grupo de pesquisadores, que inclui ainda educadores físicos, geneticistas, cardiologistas e outros profissionais, ofereceu aos pacientes — homens e mulheres dos 60 aos 82 anos — atividades como: caminhada, futebol, vôlei, tênis e, para alguns, até corrida. A intensidade era variável em função do estado do paciente e aumentava progressivamente.

Os pesquisadores empregam a associação de avaliações clínicas a exames sofisticados, como a tractografia, capaz de analisar as conexões e a integridade dos neurônios. Este exame mostra se funções nervosas perdidas pela doença foram recuperadas. Segundo Camila, o exame identificou a remielinização dos neurônios — em bom português significa que a capa protetora das células nervosas, importante para a comunicação de sinais do cérebro, foi restaurada em parte.

Uma pesquisa publicada na revista científica “PLOS Biology” apresenta ainda mais provas da força dos exercícios no cérebro. Pesquisadores do The Jackson Laboratory, no Maine, EUA, viram que correr regularmente ajuda a reduzir mudanças na estrutura do cérebro relacionadas ao envelhecimento. Essas alterações provocam inflamações, que podem levar à demência na velhice. Gareth Howell, principal autor, diz no artigo que o exercício se firma como potente aliado contra o envelhecimento do cérebro, mas destaca que a atividade física precisa ser regular, de moderada a intensa, e por toda a vida.

Fonte: https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/exercicio-ajuda-tratar-alzheimer-mostram-estudos-17919990
 

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