A Valorização do Agronegócio

A Valorização do Agronegócio

Valorizar o Agro é o melhor investimento do novo governo

(Folha de São Paulo, 06/11/10, Caderno Mercados, pag. B15)

Marcos Fava Neves

O vencedor das eleições presidenciais não atingiu 50% dos eleitores totais, e a diferença final de 11 milhões de votos foi pequena ante 37 milhões de abstenções nulos e brancos. As urnas das regiões da agricultura, do agronegócio e da produção impuseram forte derrota ao Governo, e aí existe uma importante reflexão para os vencedores, se humildes forem.

O primeiro discurso da Presidente eleita foi inspirador. Falou-se em reforma e eficiência do Estado, controle da divida pública, respeito a contratos, fortalecimento das agências reguladoras, redução de tributos, meritocracia, combate aos juros e câmbio, medidas anti-dumping, punição a corruptos e liberdade de imprensa. Intriga esta guinada em relação aos últimos 8 anos, onde a Presidente eleita foi figura central de um Governo que não se comportou como poderia nos aspectos acima citados e foi omisso com relação às reformas estruturantes, mesmo lastreados por um cacife de 80% de aprovação.

Pela maioria considerável no Congresso e no Senado, espera-se que o novo Governo realize definitivamente as reformas que o Brasil precisa para ficar mais competitivo. O país precisa ter velocidade na questão da infra-estrutura para remover custos das cadeias produtivas brasileiras, acertar rapidamente a questão das dívidas dos produtores, a questão ambiental e trabalhista, além da política de juros e câmbio, que faz nossos agricultores perderem a já pequena margem.

O agronegócio, se estimulado, será um setor que mais rapidamente responderá ao Governo, gerando exportações e renda para ser distribuída nos mais diversos tipos de “bolsas”.  

Ao entrar agora na fase de composição de seus quadros e de planejamento estratégico para as mais diversas áreas, o novo Governo que assumirá em janeiro de 2011 terá que buscar os melhores exemplos mundiais e perseguir implacavelmente indicadores de desenvolvimento “classe mundial”.

Na busca de simplificação e reforma do Estado, como mostrou o discurso inicial da presidente eleita, deve-se incluir a criação de um super Ministério.

Um Ministério para agregar pequena, média e grande agricultura, pesca, extração, bioenergia, biodiversidade, entre outros. Tudo isto com coordenação única e uníssona. Afinal, este Ministério representa um terço do PIB e o país se coloca como o principal fornecedor mundial de alimentos, num mundo que terá demanda explosiva nos próximos anos.

Prova disso é que a cada hora 22 hectares de terras brasileiras são compradas por estrangeiros... Portanto, esta valorização do agronegócio será o melhor investimento do novo Governo.

Marcos Fava Neves é Professor Titular de Planejamento na FEA/USP em Ribeirão Preto (www.favaneves.org), autor de 22 livros publicados em 5 países e Coordenador Científico do Markestrat.

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