Vinte anos de Agrishow e Agroshow

Vinte anos de Agrishow e Agroshow

por Marcos Fava Neves

Muito me honra ser convidado pela Revide, publicação que admiro e contribuo como blogueiro, para escrever este texto sobre os 20 anos da Agrishow.  A versão de 2013 é a primeira que vou perder, pois estou fazendo pesquisa e dando aula na Purdue University (EUA) neste ano. 

Acompanhei desde os momentos difíceis no início, até a consolidação da Agrishow e os consecutivos recordes de público e vendas, que devem ser batidos neste ano de 2013, pois a renda do Agro deve crescer simplesmente R$ 70 bilhões em relação a 2012.  O amplo sucesso da feira e o ambiente agro de Ribeirão Preto ajudou a consolidar o nome da cidade como “a capital brasileira do agronegócio”, e tenho grande orgulho de ter sido o autor do projeto e do nome.

O trocadilho do título é interessante, pois a Agrishow é um show de tecnologia dedicado principalmente ao produtor rural, que é o verdadeiro autor do show do Brasil no mundo. Em 2012 o saldo na balança comercial sofreu forte queda, a inflação ficou próxima ao teto fixado, o crescimento brasileiro foi pífio, ficamos mais caros e perdemos espaço para outros emergentes na capacidade competitiva das empresas. Mas o agronegócio deu seu show e salvou o Brasil, exportando US$ 95,8 bilhões. Desde 2000, quando exportava apenas US$ 20 bilhões, o “Agro-show” cresceu robustamente e trouxe mais de US$ 480 bilhões acumulados. Pena que seja um dos únicos, ou talvez o único artista classe mundial deste imenso Brasil.

Nossas perspectivas de continuar o show são muito boas. A economia global crescerá 3,3% ao ano até 2022, puxada pelo mundo emergente, com média de 5,6% ao ano, com destaque para a China 7,8% e a Índia com 7,5%. Os emergentes se tornarão os grandes compradores dos nossos alimentos, ou os palcos do nosso show. Em 2020 serão 82% da população consumidora  (China e Índia serão quase 40%). África e Oriente Médio responderão por 50% do aumento da importação global de carnes e outros alimentos e a China deve importar 22 milhões de toneladas de milho e 100 milhões de soja, sendo a maior parte do Brasil.

Nos próximos vinte anos temos palco mundial garantido para o agro dar seu show de maneira muito mais vigorosa para nosso desenvolvimento econômico, ambiental e social. Mas o Governo Federal vem mantendo o Ministério da Agricultura sem holofotes e outros órgãos federais ligados ao importante tema agrícola loteados, não resolve os entraves logísticos, tributários, trabalhistas, financeiros, ambientais, de governança, de pesquisa, de seguros, segurança, entre outros que apontamos desde o primeiro Agrishow. Se nosso Governo desse ao artista agro o suporte necessário, com absoluta prioridade de gestão, um show de renda adicional seria trazida dos palcos exteriores para ser distribuída à plateia brasileira, beneficiando o próprio Governo em seu projeto de perpetuação de poder.

Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP Ribeirão Preto e Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) em 2013.

 

 

 

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