Chatice

Chatice

O chato nem sempre está errado. Segundo a definição do adjetivo, pelo dicionário, ele aborrece ou perturba. É maçante, enfadonho ou insistente. Não errado, chato. Simples assim.

Dizer que algo ou alguém é o rei da chatice pode ser superficial, afinal, como definir e justificar com algum embasamento teórico ou científico? As chatices variam de pessoa a pessoa e (spoiler!) estão presentes em todo e qualquer ser humano. Em mim e em você, por exemplo. Não adianta negar. Se procurar, a gente acha. E há uma boa época para os apontamentos: a Copa do Mundo.

Para quem gosta de futebol, um dos martírios em tempos de Mundial é conviver com o mau humor daqueles que criticam quem torce e se preocupa com o esporte em vez de pensar nos problemas políticos, na crise e na economia. Mas, a dúvida é: por que as preocupações, ou ocupações, precisam ser excludentes? Chatice.

É profundamente possível se atentar a mais de um assunto ao mesmo tempo - caso não conseguíssemos fazer isso, teríamos sérios problemas durante a vida, não apenas em tempos de campeonato de futebol. 

Torcer para a Seleção Brasileira não deve ser, necessariamente, sinônimo de alienação. Pode, sim, ser divertimento e uma válvula de escape diante de tantas intempéries nacionais, já que o país cambaleia, há quase cinco anos, diante de uma insuficiência econômica e um desenvolvimento raquítico.

Ser monotemático é limitante. É na pluralidade que está a graça dos nossos dias. Prova disso é a cobertura jornalística a que o Portal Revide tem se dedicado: esporte, política, educação, cultura, humor, economia e tanto assunto que pauta o cotidiano da região de Ribeirão Preto.

Já dizia Murakami, meu sempre citado escritor: se você apenas lê os livros que todo mundo está lendo, só pensará o que todo mundo está pensando. Quanto mais diverso for o repertório e maiores as referências que acumulamos durante a vida, melhor se torna nossa capacidade de avaliar o mundo – e contribuir com ele. Acho que vale a pena tentar. 

Foto: Lucas Figueiredo / CBF

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