É possível, mas dá trabalho

É possível, mas dá trabalho

Uma das maiores questões relacionadas ao jornalismo e à comunicação, nos dias atuais, tem relação com a monetização das plataformas. A história não é nova, tampouco agradável – é só mais um capítulo, e talvez o mais longo e traumático, da saga das incertezas em meio às transformações tecnológicas nas empresas de mídia. Como continuar a ter receita em um cenário de crises, econômica e da profissão? 

Fazer jornalismo custa. Imprimir revistas custa. Hospedar um portal de notícias em algum servidor custa. Ter profissionais que se dedicam a produzir um conteúdo de qualidade também custa. A conta é alta e não fecha caso não haja o tal faturamento, que, muitas vezes, é banalizado e satirizado por quem desconhece o mecanismo de produção jornalística.

Fazer comunicação, embora pareça fácil (não, não sou a menina que passa o dia nas redes sociais...), requer tanto profissionalismo e conhecimento quanto qualquer outra profissão. Mas, por que pagar para ter acesso a um conteúdo bacana, ou por que pagar para ter uma programação de anúncio customizada, se você pode fazer tudo isso pela metade do preço – ou até sem desembolsar um centavo?

Em um país onde nunca se leu tão mal (o Indicador de Analfabetismo Funcional afirma que só 22% dos brasileiros que chegaram à universidade têm condição de compreender e se expressar), o caminho mais curto e simples é, claro, negar o pagamento por um bom conteúdo, ou negar o acesso à matéria completa. Com o título passado às pressas na linha do tempo do Facebook, já dá para ficar bem informado, não?

Não. E o anúncio da Editora Abril, nesta semana, comprova bem o efeito nocivo dessa falta de reconhecimento pela boa informação. A empresa afirmou que encerrará a publicação de pelo menos 10 revistas impressas(e a versão on-line da maioria). Os títulos que serão interrompidos são de grande renome e significam clara perda para quem gosta de um conteúdo mais aprofundado.

É certo que ainda não existe o modelo ideal e lucrativo, que beneficie empresas, profissionais e leitores simultaneamente. Os interesses, atualmente, e em plena crise, estão difusos e ninguém tem certeza sobre o melhor caminho. O déficit da Abril de mais de R$ 300 milhões ao fim de 2017 é outro triste dado para corroborar a difícil maré.

Nesse mar turbulento, portanto, o que não podemos deixar de fazer é arriscar. Nesta mesma semana, por exemplo, iniciamos um modelo novo de divulgação de informações no Instagram da Revide (dá uma olhada lá @revistarevide). A ideia é começar a passar os principais detalhes da notícia para, quem quiser, continuar a ler tudo no Portal. Mas, se for do interesse do usuário seguir conectado na rede social, ele terá, ainda assim, um pouco mais de informação nas imagens que publicamos, em um layout limpo e objetivo.

Se estamos todos à mercê das novidades digitais, da Inteligência Artificial e da revolução na tecnologia, não adianta brigar com o que surge. Não se fazem televisão, rádio, revista e até portal de notícias como no passado. E, embora ainda não saibamos como se faz no presente, um pouco de reconhecimento sobre o valor do que é produzido em cada um desses meios é fundamental. 

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