Eis a questão

Eis a questão

Circulou muito – e põe muito nisso –, pelas redes sociais, a foto de uma suposta Associação dos Cadeirantes de Ribeirão Preto. A imagem de uma casa, com a pintura na fachada que indicava a entidade foi compartilhada milhares de vezes por ter, na porta de entrada, uma escada. E qual não é a ironia de um espaço destinado a deficientes físicos não ter uma rampa de acesso?

Uma página no Facebook publicou a imagem que superou os 25 mil compartilhamentos. A foto rendeu comentários sarcásticos de amigos que vivem em outras cidades e até uma postagem do colunista José Simão, que questionava a veracidade do registro.

O repórter Pedro Gomes, do Portal Revide, foi, então, em busca da confirmação – ou não – da tal Associação dos Cadeirantes de Ribeirão Preto. Questionou órgãos oficiais ligados à inclusão e ao atendimento de quem possui mobilidade limitada e o resultado foi o que a maioria supunha: era uma montagem grotesca.

Na realidade – e como você pode ler mais em reportagens no portal -, o local é um espaço alugado pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, onde está instalada a Diretoria Regional de Esporte e Lazer. Quem trabalha lá, inclusive, considerou a brincadeira de mau gosto. E não é para menos.

Mergulhados até o pescoço nas Fake News, digladiamos por informações de qualidade o tempo todo. Uma foto pode não ser realmente uma foto, uma frase pode não ter sido dita e tanta coisa em que acreditamos num primeiro momento pode ser derrubada com uma simples checagem.

Foi-se o tempo em que jornalismo era apenas a reprodução de fatos e a divulgação de notícias. Jornalismo passou a acumular a obrigação ética de, também, desmascarar inverdades compartilhadas e contribuir com o esclarecimento de questionamentos que podem surgir a partir de montagens e invenções.

Em ano de eleição vale redobrar a atenção, afinal o terreno da política é fértil no plantio de mentiras e toda atenção será pouca. 

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