Em síntese

Em síntese

A aspirante a ministra mais rejeitada e criticada nos últimos anos carrega, no sobrenome, o país. Cristiane Brasil sintetiza tudo aquilo a que estamos acostumados a fazer ouvidos de mercador: irregularidades, imoralidades e ilegalidades, mas o governo federal insiste.

O primeiro problema surgiu, muitos lembram, quando foi divulgado que Cristiane, indicada a ministra do Trabalho, era alvo de ações trabalhistas. Ironia é o de menos. Depois, o impacto do tal vídeo na lancha, ao lado de empresários seminus que defendiam a nomeação. Saíram, depois, áudios de uma reunião em que ela, supostamente, cobra votos de servidores públicos. Até o fechamento desta edição, a última investigação divulgada envolvendo a quase ministra diz respeito à possível associação de Cristiane com o tráfico. 

Há alguns anos, quando o mundo real tinha maior peso na equação política, talvez o alcance e o impacto da controversa decisão do governo fossem menores. Pode ser que o presidente Michel Temer (MDB) não tenha contado com a astúcia das redes sociais e do jornalismo on-line na rápida divulgação – e crítica – da nomeação. 

Alguns cenários impensáveis há 20 anos: 1) um vídeo gravado em uma lancha, 2) um vídeo divulgado na internet poucos minutos depois, 3) um vídeo compartilhado milhões de vezes por pessoas de todo o país.

Não há como negar o peso dessas informações, ainda que a crítica virtual em massa não tenha sido suficiente para demover o governo da decisão. O que é incontestável, no entanto, é o prejuízo à imagem pública de Temer e aliados - a não ser que 6% de aprovação seja considerado um bom índice pelo Planalto. 

Relativizar o peso das redes sociais e da internet é até aceitável, porque não podemos nos tornar reféns da tecnologia e o mundo real (ainda) é mais importante. Mas se recusar a analisar as opiniões e as informações compartilhadas é onde está o perigo. Errar não é o problema, já disseram, mas insistir no erro é.  

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