Empatia tecnológica

Empatia tecnológica

Às vezes, é difícil acreditar que a tecnologia veio em missão de paz. Santos Dumont, dizem, caiu em profunda depressão ao descobrir que sua invenção foi utilizada em guerras. O rápido e desenfreado progresso da ciência e do conhecimento, ainda hoje, também suscita dúvidas – se não nos criadores, naqueles que fazem uso das criaturas.

Como não questionar a boa intenção, por exemplo, das redes sociais? Ao mesmo tempo em que conectam famílias e amigos há muito desencontrados, também permitem incontrolável barbárie digital: comentários ofensivos e maldosos, informações falsas, fake news e um punhado de outros elementos que nos deixam em dúvida. 

Como ser otimista diante de tantos episódios controversos? Treinar o olhar para as boas notícias talvez seja um bom começo. Vamos exercitar a Poliana que habita em cada um de nós e, quem sabe, criar uma relação mais amistosa com as máquinas que tanto ganharam espaço para viver melhor com as ferramentas que têm sido inventadas.

O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), por exemplo, mantém um Grupo de Pesquisa em Computação Afetiva, cujo objetivo é estudar as maneiras de prever tensão e ansiedade nos seres humanos, a partir de novos equipamentos. Rosalinda Picard, a fundadora e diretora do grupo, criou a startup Empatica, produtora de sensores que são usados pelas pessoas e que interpretam os sinais psicológicos dos usuários. 

Um relógio inteligente chamado Embrace é o principal produto da Empatica. O objetivo do equipamento, criado para portadores de epilepsia, é rastrear possíveis crises de quem está usando o acessório e prevê-las. A invenção já garantiu o selo de dispositivo médico da Agência de Alimentos e Drogas (FDS) do governo norte-americano, com eficácia comprovada em ensaios clínicos.

Decerto, há vida para além do mau uso dos apetrechos inovadores e os projetos do MIT, ou outros tantos não citados, são prova disso. Ainda bem que a empatia, tão em falta pessoal e virtualmente, dá sinais de que resiste, mesmo em tempos tão duvidosos. 

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