Linha do tempo
Marina Aranha
11 Jan 2018 09:29
Caminhar pelo tempo e transitar entre futuro e passado estão em voga no mundo do entretenimento. Tudo em função do seriado alemão Dark, produzido pela Netflix, com 10 episódios da primeira temporada disponibilizados. Na série, os grandes protagonistas são os contrapontos científicos sobre tempo e espaço e a maneira como lidaríamos com nós mesmos caso fôssemos confrontados com o que já foi vivido — por nós ou pelos outros. Voltar alguns anos no calendário e tomar atitudes diferentes no passado é a premissa, também, do filme Efeito Borboleta, de 2004: o impacto no futuro, por menor que o ato seja, pode ser devastador.
No mundo virtual, somos diariamente confrontados com o passado e com o futuro. Abrir o Facebook e dar de cara com as “lembranças”, aquelas publicações feitas por nós mesmos naquele dia, mas em anos anteriores, é um enfrentamento direto àquilo que um dia acreditamos ou vivemos. O próprio registro de nossas postagens na rede é chamado de “timeline”, ou linha do tempo. Se você perder algumas horas vasculhando a sua, poderá se surpreender.
Difícil manter a filosofia tão propagada do “mindfulness”, a prática da atenção no momento presente, enquanto somos bombardeados por memórias ou notícias que nos traçam perspectivas do futuro. Como se ater ao “aqui e agora”? O esforço é hercúleo e, particularmente comigo, sem sucesso.
Entre tanto vaivém, cabem alguns questionamentos. Se você pudesse voltar no tempo, postaria tudo o que postou? Perderia os amigos que perdeu por discussões políticas na rede social? Acredita, hoje, naquilo que compartilhou há dois anos?
Na internet, temos o mundo ao alcance do mouse, do smartphone, do tablet. Mas será que realmente temos feito bom uso dessas ferramentas e avaliado o quanto elas nos impactam?
Ao terminar os 10 episódios, uma amiga disse: “acabei de ver Dark agora e estou começando de novo para tentar entender direito”. Na vida, não temos a chance de voltar ao início, mas sempre dá para refletir sobre tudo o que estamos fazendo agora e, quem sabe, agir melhor.
