Na flor da idade

Na flor da idade

Em 2018, a Revide completa 32 anos de existência e a edição especial desta semana comemora as mais de três décadas de história. Uma vida tão longa para um veículo de comunicação ativo, mas ainda tão curta nesse mundo em constante transformação.

Conheci a Revide há oito anos, quando me mudei para Ribeirão Preto pela primeira vez. Era repórter de um jornal diário e não entendia muito bem a importância de uma revista em uma cidade. Tinha uma visão limitada sobre o jornalismo, as possibilidades de comunicação e produção de conteúdo. Achava que o modelo clássico dos diários impressos era a alma da comunicação regional e, talvez, minha visão mais romântica da produção de notícias.

 Oito anos parece pouco tempo, mas, de lá para cá, muita coisa mudou na minha vida e no planeta. Desde então, escrevi para seis jornais diferentes e a metade deles fechou. Foram três publicações impressas diárias que perderam a vida em menos de uma década. Um tempo curto para a humanidade, mas uma eternidade para o jornalismo. 

 Você pode até achar que eu sou pé frio, mas a verdade é que o mercado mudou e eu juro que a culpa não é minha. Aquela imagem do cachorro trazendo o jornal na boca para a porta da sua casa é, agora, o sonho de um passado quase inverossímil. Isso, por incrível que pareça, não por causa do cachorro, mas por causa do jornal. A Naná, em casa, pode até ser ensinada. Os jornais, no entanto, precisam se reinventar, assim como qualquer publicação impressa. E o problema é que a maioria está aprendendo isso à base do sofrimento.

 Dizem que quando você não pode enfrentar um inimigo, deve se juntar a ele. Para os que classificam a tecnologia como o algoz das profissões, talvez o ditado possa ser levado em consideração: em vez criticar os efeitos negativos de tanta mudança, não seria melhor pensar em como elas podem ajudar a melhorar?

 Esse é um dos raciocínios da Revide ao longo de três décadas, embora eu só possa atestar empiricamente há três anos, momento em que cheguei para fazer parte do Portal. Quando comecei, não encontrei uma estrutura engessada, viúva dos antigos modelos de se fazer jornalismo. Tive, e tenho, a chance de testar, acertar e errar, assim como toda a equipe que inventa as modas que produzimos: o Comprova, o Patrulha, o envio de notícias pelo WhatsApp, o novo formato de publicações no Instagram e tantas outras ideias que surgem por aqui.

Talvez, no início, eu mesma não acreditasse tanto no sucesso do Portal Revide, justamente por ser adepta do papel e ter prazer na leitura de livros e de revistas impressos. Como consumidora, o formato digital não é o que mais me atrai, embora a prática tenha me feito criar certo afeto pelas novas tecnologias. Como profissional, no entanto, é preciso entender que hábitos formam gerações e gerações constroem mercados.  As crianças e adolescentes de hoje serão os leitores do futuro, acompanhando o conteúdo em plataformas que, possivelmente, ainda nem existem. 

 Os 32 anos da Revide estão aí para mostrar que não é preciso lutar contra as transformações que se avizinham, nem contra a mudança do comportamento humano. O tempo passa e as coisas mudam, mas nem sempre isso é algo negativo. É possível acumular experiência sem ficar obsoleto ou ultrapassado. A chave para isso tudo está na reinvenção. E a Revide, passadas três décadas e levando toda essa história em consideração, certamente está na flor da idade.  

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