O que o Mickey ensina

O que o Mickey ensina

Neste ano de 2018, o personagem mais famoso da Disney, o Mickey, completou 90 anos. Quase centenário e mais jovem do que nunca, ele está pronto para nos dar uma bela lição: o aniversário do rato mais popular do mundo é um claro exemplo de como nossa reinvenção é fundamental para uma vida ativa e próspera - especialmente nesses tempos tecnológicos, em que tudo parece mudar a todo momento.  

Além de uma longa vida, Mickey também carrega na história anos de transformações, que tiveram como berço o ano anterior à crise de 1929, quando os Estados Unidos entrou na maior recessão da história. Uma reportagem especial produzida pela GloboNews, que foi ao ar nos últimos dias, conta parte da saga da criação mais antiga de Walt Disney. E o curioso é que antes de se tornar o principal ícone do império da fantasia norte-americano, Mickey precisou se adaptar e se reinventar. Não nasceu uma unanimidade e quase se perdeu ao longo do tempo. Só se transformou no que é hoje graças a seu poder de adaptação.

O ratinho foi desenhado como um anti-herói, à lá Pica-Pau (na minha opinião, engraçadíssimo, porém o personagem que mais gosta de semear a discórdia na história dos desenhos animados). Ao contrário do pássaro famoso, no entanto, o Mickey não foi muito bem sucedido no ramo da chatice e, algum tempo depois, transformou-se. Virou protagonista de obra cult no filme Fantasia (uma grande e cara produção da Disney, com animações que acompanhavam as músicas interpretadas por uma orquestra, mas que não fez sucesso com o público por ser considerada muito "cabeça" à época, em 1940). Virou bom moço, enfrentou a Segunda Guerra Mundial (de 1939 a 1945), ganhou o cinema, a TV e é a principal referência da rede de parques temáticos mais famosa do mundo, a Walt Disney World. 

Um breve passeio pelas fisionomias de Mickey ao longo desses 90 anos — graças  à arte feita pelo nosso designer Tiago Leite nesta página — deixa visíveis as mudanças pelas quais o personagem passou. E não foram apenas os traços que diferenciaram as décadas e as fases de Mickey Mouse: os formatos de exibição também foram alterados durante esse período. Atualmente, ele protagoniza episódios de cinco minutos para a internet, que podem ser vistos em computadores, tablets e celulares (algo inimaginável em 1928).

Às vezes, relutamos às mudanças e podemos achar difícil a adaptação quando o assunto é a modernidade. A passagem dos anos, para nós e para o mundo, transforma hábitos, às vezes, à força. Que o diga quem gosta de ler jornais impressos todos os dias, no café da manhã. Fica um pouco difícil imaginar essa mudança, afinal, como cantou Mick Jagger, "hábitos antigos são difíceis de se perder", embora isso seja possível.

A verdade é que nem sempre estamos com o controle nas mãos, tampouco temos nossos destino e formato traçados pela ponta de uma caneta, como tem o Mickey. Quando nos vemos diante de novas ferramentas e tecnologias, podemos reclamar e resistir à mudança ou buscar adaptações para uma vida melhor diante de tudo aquilo que nos é imposto, sem resistir à modernização que nos bate à porta. Eu sei... Não é fácil e também sofro.

 Sorte a do Mickey, que pôde passar seus 90 anos amparado por um grande estúdio que buscou os melhores caminhos para sua sobrevida quase centenária. Mas sorte a nossa, também, que não nascemos pelas mãos de uma equipe de desenhistas. Assim, podemos escolher nossas cores, nossos traços e nossos roteiros — a despeito dos imprevistos que surgem no script.  

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