
País desconectado
A internet foi capaz de conectar pessoas de todo o mundo em apenas um clique. Dá para conversar com qualquer amigo que esteja on-line, onde quer que ele esteja geograficamente. São as maravilhas da tecnologia facilitando a comunicação.
Estranho perceber, porém, como apesar de toda essa conexão possível, ainda há tanto descompasso entre os seres humanos. Seria possível supor que, com mais informação e mais oportunidades de estar perto de outras pessoas, a empatia ganhasse espaço. Mais conhecimento poderia ser sinônimo de mais aproximação, de fato. Aparentemente, a conexão humana não tem avançado tanto quanto a conexão digital. Isso pode ser um problema.
A jornalista Miriam Leitão, há alguns dias, esteve em Ribeirão Preto para uma palestra sobre a economia brasileira e os rumos do país. Em determinado momento, apresentou os dados do Ministério do Trabalho e um deles indicava que a região Nordeste do Brasil havia perdido 13 mil postos de emprego só no início deste ano.
Bem na hora em que ela apresentou essa estatística, alguém da plateia – provavelmente sentada logo atrás de mim – reclamou, baixinho: “Tinha é que tirar o Nordeste do Brasil”.
O que me incomodou e me fez pensar por dias no assunto, é a capacidade que ainda temos de não nos conectarmos dentro do próprio país. De não entendermos que a crise econômica pela qual passamos não nasceu por culpa de trabalhadores nordestinos que perderam seus empregos. Eles são, tanto quanto trabalhadores paulistas que também estão desempregados, vítimas do desgoverno, da corrupção e da falta de planejamento público.
Claramente as oportunidades, o nível educacional e o desenvolvimento são diferentes, se comparadas todas as regiões brasileiras. Isso não acontece por um erro da população, mas por anos de história, de política e da construção do nosso país. Não é um comentário preconceituoso como esse que levará o Brasil a se desenvolver.