Primeira mão

Primeira mão

Acho que nada faz um repórter comemorar tanto quanto conseguir um furo de reportagem. É a sensação de ter atingido um dos pontos mais altos no cotidiano da profissão: encontrar uma informação relevante e ter a oportunidade de publicá-la em primeira mão, antes dos concorrentes, oferecendo aos leitores um conteúdo importante e inédito. 

No jornalismo impresso diário, a disputa já é acirrada. Os repórteres precisam encontrar informações ainda não conhecidas e publicá-las antes dos concorrentes a cada edição. Já o veículo “furado”, só pode reverter o cenário no dia seguinte.

 No jornalismo on-line, no entanto, a corrida é ainda mais intensa: o objetivo é sempre difundir a informação antes da concorrência, sabendo que o processo de divulgação virtual é mais rápido do que na mídia impressa — ou seja, o concorrente sempre pode ser mais ágil. Caso sejamos os primeiros a noticiar, em alguns minutos, a mesma história pode ser replicada pelos outros. 

Conseguir o furo jornalístico, embora seja um combustível animador para repórteres e editores, também pode causar desentendimentos e insatisfações. A fonte, por ética da profissão, nunca é divulgada – mesmo que a informação tenha sido conquistada por um caminho pouco misterioso ou glamouroso e seja apenas uma boa sacada do jornalista. A ideia é não dizer a origem para não comprometer nada, nem ninguém, protegendo a origem daquele conteúdo.

Quando alguma organização, empresa, poder público ou qualquer entidade vê uma informação (até então sigilosa) divulgada, é normal que comece a caça às bruxas para saber de onde o repórter tirou tudo aquilo e quem falou mais do que deveria.

No entanto, nem sempre alguém fala mais do que deveria. Às vezes, a reportagem é, apenas, resultado da apuração de dados e, independente da fonte, a publicação de toda e qualquer informação nos veículos de imprensa deveria sempre seguir a máxima de Claudio Abramo: o jornalismo deve ser o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter. 

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