A revolução dos nichos

A revolução dos nichos

Por mais contraditório que pareça, a evolução da tecnologia trouxe uma infinidade de possibilidades e um universo gigantesco de escolhas, ao mesmo tempo em que permitiu uma segmentação maior e um alto nível de especificidade no mercado, com produtos e conteúdos customizados.

Há, por exemplo, um universo de incontáveis revistas sobre os mais diversos assuntos e, ao mesmo tempo, uma série de publicações destinadas a segmentos específicos. A própria Revide é um desses casos: além desta revista semanal que aborda temas variados, outras publicações têm como foco leitores interessados em arquitetura (RD – Revide Decoração), saúde (RS – Revide Saúde) e moda (RM –Revide Moda).

No mundo digital, no entanto, nossa escolha é um tanto involuntária e não cabe somente a nós a escolha do que ler. Vivenciamos, hoje, a chamada “bolha da informação”, muito em função dos algoritmos que regem as redes sociais. Basicamente, ficamos reféns de temas e assuntos a que temos acesso com frequência, por preferência. Ou seja, se você gosta de textos relacionados ao cinema e clica sempre em links que fazem referência a esse tipo de arte, é muito possível que as publicações sobre esse universo apareçam com mais frequência na sua página de notícias da rede social.

Essa dinâmica fortalece a vivência dentro de um próprio nicho: se gostamos de algo e somos bombardeados com informações a respeito desse algo, tendemos a viver numa espiral de conteúdo similar. E isso é muito visível no que diz respeito à política, por exemplo. Ser simpatizante de qualquer partido e buscar conteúdo apenas sobre ele pode minimizar as aparições de posts que façam referência a outra legenda. Sem ler ideias diferentes, ou opostas, a tendência é de que o (e)leitor fique com o poder de análise comprometido e que diminua a capacidade de confrontar informações – para, posteriormente, tomar decisões.

Só avançamos no conhecimento e crescemos intelectualmente quando refletimos sobre o diferente e colocamos opiniões opostas à mesa para debatermos as ideias, mesmo que internamente. Há que se separar, portanto, o que é gosto e informação por prazer do que é cerceamento de pluralidade. É ótimo que tenhamos a possibilidade de apreciar e enriquecer nosso repertório sobre aquele assunto que nos faz bem – música, esporte, política, economia, astronomia... –, mas também é fundamental que ocupemos parte do nosso tempo buscando informações novas e diferentes daquelas com as quais estamos acostumados.

O mundo virtual e os bilhões de sites que estão disponíveis podem ser acessados a qualquer momento, oferecendo um vasto e diversificado conteúdo. O que precisamos fazer é aproveitar todas essas oportunidades para o nosso bem e o bem comum.

Com tanta opção à frente, podemos acompanhar publicações específicas, mas também é possível que nos informemos sobre os mais diversos assuntos contemporâneos, que nos permitem uma visão mais crítica e abrangente da vida e do mundo em que vivemos. O que não falta é alternativa. 

Que tal alternar as leituras frequentes e buscar alguma reportagem sobre um assunto que não seja tão familiar a você? Nosso cérebro pode ser estimulado para se manter ativo e forte. Apresentar coisas novas a ele faz toda a diferença nesse desenvolvimento. 

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