Você tem medo de que?

Você tem medo de que?

Se a tecnologia tem feito tudo mudar a uma velocidade avassaladora, não seriam os medos que ficariam inertes a tanta transformação. Até as fobias sofreram mutações e novos receios chegaram de brinde junto à era digital.

Um deles é o FoMO, do inglês “Fear of Missing Out”, que, em tradução livre, significa “medo de ficar de fora”. A síndrome foi descrita pela primeira vez no início dos anos 2000 e pode ter efeitos graves e intensos à saúde dos usuários das redes sociais, causando de um leve mau humor a ansiedade e a depressão

Esse tal medo de ficar por fora do que está acontecendo incentiva uma conexão frequente e que beira a interrupção. Segundo especialistas, jovens e adultos com idades entre 18 e 34 anos são as principais vítimas do FoMO. O desconforto gerado pelas redes já chegou a atingir 75% dos adultos do Reino Unido, segundo estudo feito pelo departamento de Psicologia da Unidade de Essex. É claro que nem todos chegaram a sofrer consequências graves, mas é fato que a maior parte da população é afetada, mesmo que de maneira branda, pelos aparatos tecnológicos e as relações construídas (ou apenas estabelecidas) junto deles. 

Para medir a sua necessidade de estar conectado o tempo todo, por dentro das principais notícias gerais, ou apenas as informações dos amigos mais próximos, dá para fazer um teste simples. Comece a reparar quantas vezes você trava e destrava o celular, quantas vezes você checa suas redes sociais e se fica incomodado caso precise estar distante do smartphone. 

O problema é que também há um novo medo para isso. Se FoMO é o receio de ficar de fora das informações on-line, Nomofobia, do inglês “no mobile fobia”, é o medo de ficar sem o aparelho celular por perto. São receios diferentes, mas, ao mesmo tempo, muito parecidos e, dependendo do grau de dependência, valem algumas sugestões. 

Caso você já tenha conseguido analisar como se comporta quando está distante da tecnologia (e o resultado não foi lá essas coisas), há algumas medidas práticas que podem ser tomadas para desapegar, pelo menos um pouco, do mundo virtual. Mesmo que não mude o hábito por completo, pelo menos pode te ajudar a refletir sobre o comportamento.

Ironicamente, a dica é um aplicativo para celular – mas vale a pena. O Moment (disponível apenas para o sistema operacional iOS) é bem didático e monitora o quanto você tem usado o seu telefone. Basta fazer o download e deixá-lo em segundo plano. Toque a vida normalmente, travando e destravando o celular, utilizando os aplicativos e interagindo nas redes sociais. Ao fim do dia, reabra o Moment para descobrir quanto tempo você utilizou o smartphone. 

Até duas horas de uso, dentro de um dia, os indicadores na tela são verdes. De duas a três, os números já aparecem em amarelo. A partir de três horas, eles surgem na cor vermelha. O infográfico impacta, ainda mais porque o aplicativo contabiliza quantas vezes você abriu e fechou o celular. 

Quando comecei a usar o Moment, fiquei impressionada com meu uso exagerado e até consegui reduzir a dependência tecnológica. Mas há quem prefira desinstalar o aplicativo em vez de diminuir o acesso ao smartphone. Em cada caso, vale somar e subtrair fobias, efeitos colaterais e a necessidade dos equipamentos. Se a sua conta não fechar, pode ser que esteja na hora de mudar a equação.  

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