JackSomos Lenine

JackSomos Lenine

Lenine dispensa apresentações, já nós não dispensamos nenhuma apresentação dele! 

Quem acompanha a agenda cultural de Ribeirão Preto, sabe que o artista esteve por aqui em dois shows no Teatro Pedro II na semana passada, um evento organizado pelo SESC Ribeirão Preto. Eu nunca tinha assistido a um show do artista e por pouco não perdi dessa vez. Quem me avisou foi um amigo, que, aliás, me avisou também sobre o show do Oswaldo Montenegro que ocorreu nesse mês de março.

Quando esse amigo comentou comigo sobre os shows, eu quis saber se ele iria a algum e ele respondeu que estava pensando em ir ao do Lenine, pois não conhecia muito as músicas do Oswaldo. Eu achei graça nessa resposta e argumentei dizendo que já tinha tido experiências muito boas nesse sentido (de ir a um show sem conhecer muito o artista e sair maravilhada com o trabalho), mas ele retrucou respondendo que Oswaldo já era um artista consagrado. Acho que, na opinião dele, “pegava mal” ir ao show de um artista sem conhecer o seu repertório mais conhecido... E eu fiquei me perguntando: “Pegava mal” pra quem? Pra ele (meu amigo), por estar tão “por fora”? Ou por achar que seria uma “desfeita” com o artista?

Como eu já tinha ido a um show do Oswaldo em 2019, optei pelo do Lenine. Eu nunca acompanhei a carreira dele, mas gosto bastante de algumas canções. Cheguei lá no teatro sem saber o que viria de apresentação, ainda mais com um número tão reduzido de músicos: Lenine e mais um – o músico e também produtor cultural, Bruno Giorgi. Como poderiam tocar músicas com uma pegada mais de groove, por exemplo, com tão poucos instrumentos? Se ficasse de fora essas músicas, o que entraria no lugar? Um verdadeiro mistério! 

O show estava repleto de músicas que eu não conhecia. E que show, minha gente! Voz impecável, som perfeitamente distribuído pelo teatro. Um jogo de iluminação de prender a atenção de todos. Diria que o show teve um estilo minimalista, mas era tão grande que se impunha a todos... O som da gravação de outros instrumentos se misturavam com os sons emitidos por Lenine e seu acompanhante. O repertório migrou do calmo e reflexivo – como nas canções “Simples Assim” e “Paciência” – até os sons mais ritmados – como nas canções “Jacksoul Brasileiro” e “A Rede” – sons cujo ritmo refletiam nas luzes, uma espécie de marcação de tempo visual. Nesses momentos, há quem tenha se sentido como se estivesse em uma verdadeira boate! Nesses momentos, era possível assistir o público a batucar pés e mãos mais ou menos discretamente, enquanto Lenine e seu produtor se balançavam e se movimentavam pelo palco nada discretamente – coisa de quem sente a música!!!

Lenine foi dono de poucas palavras faladas (embora estranhamente tenha dito que estava “falante” no dia!). Ele pareceu estar comovido por estar de volta a um palco com um público presencial e nós ficamos igualmente comovidos por poder compor uma plateia “real”, após um período de tantas privações em decorrência da pandemia.

Ao fim do show, troquei impressões com conhecidos. Achei engraçado uma pessoa comentar comigo que adorou o show, mas só conhecia as quatro músicas que tocaram no final. Nesse momento, eu até fiquei me sentindo orgulhosa por conhecer umas duas músicas a mais que estavam no meio do show (vai entender?!). 

De qualquer modo, todos com quem conversei saíram de lá bem-impressionados com o show e com o músico. Com isso, eu só pude ficar pensando: que o desconhecimento ou o pouco conhecimento do artista e de seu trabalho não nos impeça de ir assisti-lo. Afinal, todo show é uma oportunidade de conhecer melhor o artista e suas obras. Eu já bebia de Lenine. Agora, tenho mais sede! E acho que não sou a única.
Good bye, Lenine!

Foto: Sté Frateschi/Sesc Ribeirão Preto
 

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