E por falar em ácidos graxos trans...

E por falar em ácidos graxos trans...

No texto sobre a saúde do coração, há uma citação defendendo que a substituição de ácidos graxos saturados e trans pelos poli-insaturados diminui o risco de doenças coronarianas.

Muito se fala sobre os ácidos graxos trans. No meu consultório, até as crianças citam o que deixaram de comer pelo conteúdo de ácidos graxos trans. Mas o que são os ácidos graxos assim denominados? De uma forma simplificada, são óleos vegetais que sofrem um processo de hidrogenação (introdução de hidrogênio) para transformá-los de líquidos em sólidos. Dessa forma, a gordura fica com consistência mais firme, melhora a palatabilidade, textura e aumenta a vida de prateleira dos produtos, por isso é muito utilizada na indústria. A gordura hidrogenada também é usada por redes de fast-food e restaurantes para frituras. É a famosa gordura trans.

Um produto alimentício pode ter em seu rótulo a informação “livre de gordura trans” ou “Zero trans” se a quantidade da substância por porção for inferior a 0,2%. A necessidade do controle da ingestão da gordura trans fica evidente com um simples raciocínio: quantas porções um indivíduo consome diariamente de vários alimentos contendo gordura trans, mesmo em pequenas quantidades? A somatória pode ultrapassar  a quantidade máxima recomendada por dia (2 g), aumentando o risco de doenças cardiovasculares. 

Estudos fora do Brasil têm evidenciado que a gordura trans pode elevar a concentração plasmática do colesterol LDL (colesterol ruim) e diminuir a do colesterol HDL (colesterol bom), aumentando o risco de desenvolver doenças ateroscleróticas, como o infarto do coração, derrames e demais doenças degenerativas. Nesse sentido, a consequência de seu uso exagerado é pior ou, no mínimo, tão prejudicial quanto o uso de gorduras saturadas, presentes nos alimentos de origem animal, como carnes vermelhas, manteiga e pele do frango.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Academia Americana de Cardiologia (AHA), a Associação Americana de Nutricionistas (ADA), a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Sociedade Brasileira de Nutrição (SBAN) e a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) recomendam que o consumo diário de gordura trans seja limitado a, no máximo, 1% do total de calorias da dieta.

Mais uma vez chamo a atenção para nossa atuação no âmbito pessoal e familiar. É importante fazermos escolhas com conhecimento sobre a natureza dos alimentos que consumimos.

Produtos como margarinas, sorvetes cremosos, biscoitos, bolos, tortas, pães, salgadinhos, pipoca de microondas, bombons, e tudo que contenha gordura hidrogenada são fontes de gordura trans.

Na vida moderna, não há como fazer exclusão dos alimentos acima citados, e como nutricionista também não acredito que devemos assumir uma postura radical. Acho muito desagradável que nós, antes de saborearmos algum produto, às vezes ficamos excessivamente preocupados com esses detalhes. A rotina alimentar precisa ser boa. Em nossa prateleira, geladeira, mesa e prato deve haver predomínio de alimentos que tenham um bom conteúdo nutricional. Os óleos são fundamentais para um bom funcionamento do nosso organismo. Mas devemos ter cuidado com a qualidade e a quantidade deles na nossa alimentação. Isso será destaque do nosso próximo assunto. 

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