Compliance: o que é isso e porque é tão importante

Compliance: o que é isso e porque é tão importante

Governança corporativa, códigos de condutas éticas, comitês de integridade, auditorias, certificações e compliance são alguns exemplos dos movimentos internos nas organizaçoes para garantir a transparência e a ética, e assim, garantir uma relação de confiança e credibilidade com todos os envolvidos com o negócio.

A exigência crescente pelos padrões éticos, provenientes não só pela crise de confiança ou pelos escândalos envolvendo empresas, mas dos altos preços pagos pela sociedade e pelo planeta por conta da ganância daqueles que colocam o lucro acima dos princípios, fez com que as organizações criassem programas preventivos e de monitoramento constante da chamada bússola moral e institucionalizasse o tal compliance nas empresas.

Mas, afinal, o que é compliance?

Além de ser mais um anglicismo presente no universo institucional e corporativo, compliance vem do inglês “to comply” que significa agir de acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido.

O termo compliance ,portanto, representa o conjunto de disciplinas ou uma área dentro da empresa como objetivo de fazer cumprir as normas legais e regulamentares da CLT, ISOs entre outras imposições regulatórias que faz parte das regras desse jogo tão difícil de ganhar que é do empreendedorismo “limpo”. Além disso, a área de compliance também garante que as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e empresa sejam cumpridas,  bem como busca evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer.

Evitar nepotismo, troca de favores, benefícios particulares, roubos, fraudes, jogos de influência, crises, acidentes, problemas de saúde ou destruição da vida ou do planeta são alguns tristes e comuns exemplos da falta de ética, da ganância e da irresponsabilidade humana que o compliance busca combater.

Seu propósito, entretanto, vai além de evitar as punições judiciais ou multas por conta das irregularidade cometidas pela empresa. O objetivo maior é internalizar ações íntegras e responsáveis capazes de levar maior solidez dos objetivos estratégicos da empresa, através da credibilidade, integridade e transparência.

Algumas empresas de capital aberto como a Petrobras, por exemplo, estão sendo pesquisadas por vários mecanismos preventivos como gestão de riscos, ouvidoria, disk denúncias, e, recentemente, um questionario de Due Diligence de Integridade. Tudo isso para evitar escândalos com fraudes e superfaturamentos no futuro e, o mais dificil, tudo isso para resgatar, também, uma imagem de credibilidade.

Muitas empresas precisam e são exigidas por seus acionistas que tenham uma área de compliance. Outras adotam por iniciativa própria, como parte da própria cultura de princípios. Um exemplo é a empresa de varejo Magazine Luiza, que adotou auditoria sem muito antes de ser exigida, reforça uma cultura de princípios, tem código de ética, comitês de cultura, disk- denúncia e recentemente adotou o compliance na sua gestão, juntamente com um comitê de integridade. Sua área de comunicação interna transborda frases inspiradoras, além dos mimos como calendários com direcionamentos morais.

 

Passos simples para adotar uma área de compliance.

 

ESCLARECER: Elaborar um código de conduta, em linguagem simples e objetiva ao entendimento de todos, com os princípios e valores essenciais compartilhados na empresa. Esse é o primeiro e mais simples passo. Se não tiver uma cultura já baseada em princípios, esse conteúdo tão elaborado sobre normas de conduta éticas, geralmente, fica esquecido ou é visto somente pelo colaborador que recebe um manual de conduta ética assim que chega na empresa.

 

COMUNICAR:  Criar  estratégias de endomarketing, assim como canais de comunicação permanentes com sua equipe, permitindo, inclusive, que eles denunciem condutas inadequadas é um outro passo importante.

 

SER EXEMPLO: De nada adianta falar como deve ser feito se as lideranças, começando de cima, não forem exemplos.  Este é o mais importante passo que, se não dado, cria um alçapão de grande estrago: a perda de confiança e credibilidade das pessoas. Errar é humano, mas é precisa deixar claro o que se espera da liderança, assim como desenvolve-las para serem exemplos inspiradores e multiplicadores de uma cultura de princípios.

 

FAZER GESTÃO: O que não é medido não é gerenciado, muito menos verificado a sua conformidade. Ter um núcleo responsável, um comitê, ferramentas de feedbacks e avaliações, gestão de riscos, encontros de desenvolvimento de inteligência moral e auditorias são ações também importantes para a implantação da integridade nas relações.

 

A reputação e a idoneidade das empresas de mercado aberto dependem de cada colaborador que faz parte dela, não importa o cargo. Integridade não tem cara, nome ou posição, assim como não tem mais ou menos ou pela metade. Ou se é íntegro ou não. O juiz é a consciência dos próprios atos.

Integridade e transparência é uma competência moral que precisa existir dentro fora e dentro da empresa. Estar aberto para ver e ouvir as inconformidades dentro da própria empresa além de fundamental para garantir a cultura ética, é uma decisão estratégica que requer humildade e coragem para enfrentar a realidade.

O que ajuda para a compliance é o grau de transparência destes atos. E é por isso que cada vez mais, empresas conscientes desse contexto, estão comunicando todos os seus processos internos. A fabricantes de chocolates Casa Lasevicius, é um exemplo que conheci recentemente no aeroporto ao ler na sua embalagem todo o processo de manufatura, desde a  fazenda  onde se colhe os grãos de cacao até a sua forma de confecção e embalagem dos chocolates.

Uma cultura de princípios que tenha institucionalizado o compliance na sua empresa depende, por sua vez, de uma mentalidade de essência que demostra muito mais o valor pela vida e o cuidado por todos os envolvidos do que o reconhecimento pela credibilidade no mercado e confiança de seus acionistas.

Por outro lado, a realidade mostra uma intenção diferente. Se antes se favava: “quem não deve não teme”, hoje, podemos dizer: quem não deve não esconde, ou melhor, mostra para todos.

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